terça-feira, 10 de maio de 2022

A Frase (94)

Raras vezes a História espelha, tão clara, realidades paralelas em colisão nas intermitências destes dias. No desfile do tempo, vemos a mudança em movimento, o presente metamorfoseando, forjado pelo princípio da incerteza, evidente na sua constatação, mas imperceptível na conclusão do seu rumo, quando procuramos o horizonte para ver o que guarda o futuro, do outro lado do espelho. Num qualquer outro presente, veremos então que passado forjou a História e em que realidade mergulhámos, outra vez.           (João Pereira Marinheiro, CNN)


Sobre o Dia da Vitória e da Europa. Que passado e que futuro forja este presente?

Como um raro espelho do passado no presente, a História forja uma Europa que, novamente mergulhada na guerra, entrincheirada na repressão de novos expansionismos, procura luz nas sombras às suas portas, para afirmar um projeto de manutenção da paz - mas intervencionista, como revela o apoio militar à Ucrânia -, forjado na tenebrosa experiência de aniquilação humana, entre duas guerras. Na colisão frontal com uma realidade paralela proclama, em nome da sobrevivência, os valores da liberdade e da democracia, tenta mostrar união, apesar da divergência e das intermitências internas, com o muro de sanções agora estremecido.

Do outro lado do espelho, distorcido, no desfile dominante, um homem-só evoca o passado num presente alternativo e num mundo paralelo do nós contra o mundo, que culpa tudo, culpa todos e que na repetição das culpas pretensamente legitimadoras da invasão, culpa quem acusa de fascismo e que pretende “desnazificar” como há mais de 70 anos “desnazificou” um invasor e acabou com a guerra, mesmo se, mais de 70 anos depois, tenha começado outra, como invasor, sob a pretensão libertadora. Sem vitórias no Dia da Vitória, afirma domínio e soberania enquanto distorce a História e torce um país soberano. A leste, nada de novo.

Sem comentários: