A julgar pelo Estado da Nação, todos os Conselhos de Ministros são informais. A informalidade é a imagem de marca do Governo. A formalidade implica uma responsabilidade que o Executivo não quer e não conhece.
É a democracia em modelo venezuelano com um relatório redigido por um comissário político.A realidade é um detalhe que só interessa aos facciosos e às mentes mesquinhas.
O Conselho de Ministros informal só tem como propósito relançar a acção governativa de um Governo que já não existe. A opção política pela desistência é a consciência da incapacidade política de um programa ideológico desfasado do tempo e da realidade do País. O brainstorming governativo em registo familiar observa as linhas do horizonte, inventa as grandes tendências do futuro, consulta a alma nacional e dispara “intenções” nos ouvidos da Nação.
O Governo não parece um Governo Constitucional baseado na soberania da Nação. Um Executivo que detesta “reformas”, odeia “remodelações”, evita “responsabilidades”, não é um Governo progressista que tem de agir e transformar para desenvolver Portugal.
O Estado da Nação não é feliz e não se recomenda. Quando os portugueses vivem em garagens, quando matilhas de cães abandonados regridem ao estado primitivo e ameaçam algumas cidades de Portugal, quando o SNS parece um semáforo entre o vermelho e o verde que complica a geografia da saúde, quando os estudantes devem cerca de 60 milhões de euros em propinas atrasadas às Universidades, o Governo realiza Conselhos de Ministros informais a pensar num futuro hipnótico que exclui a realidade do País. Portugal está transformado num “arraial triste”.
(excertos do texto de Carlos Marques de Almeida,
hoje no ECO)
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