Convém recuarmos a dez-11, durante o Programa de Ajustamento da Troika de credores (FMI, Comissão Europeia e BCE) que impediram a bancarrota do Estado português – após o pedido de ajuda do governo socialista liderado por José Sócrates. (...)
Nessa altura, PNS, que era nessa altura vice-presidente do grupo parlamentar do PS, afirmou: “Estou-me marimbando para os bancos alemães que nos emprestaram dinheiro nas condições em que nos emprestaram. Estou marimbando-me que nos chamem irresponsáveis. Nós temos uma bomba atómica que podemos usar na cara dos alemães e dos franceses. Ou os senhores se põem finos ou nós não pagamos a dívida” e se o fizermos “as pernas dos banqueiros alemães até tremem”. A afirmação é ainda mais grave e irresponsável tendo em conta que PNS é formado em Economia, revelando uma posição ideológica sem qualquer alinhamento com a realidade.
Hoje, PNS parece arrependido dessas afirmações, mas fica para a história uma posição de manifesta irresponsabilidade enquanto vice-líder parlamentar, que teria tido graves consequências se, na altura, estivesse em funções governativas. Quem não é razoável nem responsável na oposição, também não é expectável que seja em funções executivas. As decisões de PNS enquanto governante, incluindo as que levaram à sua demissão – a que retorno abaixo –, apenas confirmam esta expectativa.
Na verdade,
PNS parece ter o dom de ‘estragar tudo onde toca’. Para além do já referido, consta que coordenou as negociações para a elaboração da nova lei de bases da saúde em colaboração com o Bloco de Esquerda e o Partido Comunista, ficando, assim, sinalizado o início do fim indesejado do Serviço Nacional de Saúde. Terá participado na negociação do intitulado imposto Mortágua que ajudou a desencadear uma crise no mercado de arrendamento. Ajudou a direcionar 3,2 mil milhões de euros para a TAP e foi obrigado a um pedido público de desculpas por assinar um decreto à revelia de António Costa. P
or fim, demitiu-se por aprovar indemnizações milionárias por WhatsApp. Estranhamente, foi eleito líder do PS, refletindo a realidade do partido que o conduziu ao cargo.
Perante este registo, parece
pouco credível que PNS proponha, entre outras coisas, o ‘reforço’ do SNS, que ajudou a afundar, bem como o aumento da oferta pública de habitação, quando foi responsável direto pelo não cumprimento das promessas dos governos de António Costa na matéria. Quanto à TAP, foram tantas as mudanças de posição dos governos de António Costa, em que PNS participou (com a tutela da TAP) e com tanto orgulho, que a sua promessa de privatizar a companhia, mas mantendo a maioria do capital público, vale o mesmo que dizer outra coisa qualquer. (Óscar Afonso, ECO)
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