A Procuradora Geral da República tem a imagem oposta do líder do PS. A Procuradora tem uma versatilidade que é política, quando devia ter o rigor imparcial de uma magistrada. O líder do PS tem a rigidez sectária de um sacerdote, quando devia ter a flexibilidade de um político. Esta comparação diz muito sobre o estado do país. Uma Procuradora que assume a superioridade insondável da verdade, um líder do PS que se passeia numa aventura adolescente que designa por oposição.
Nada faz sentido nos comportamentos de cada personagem pública, mas tudo faz sentido se estas posturas públicas são representativas dos tempos que vamos vivendo sem saber. Os milagres acontecem de surpresa. As catástrofes acontecem de surpresa. O que não é surpresa é a contenção corporativa do país judicial e a exuberância radical do país político.
O centro político que suporta a ordem democrática que conhecemos está em recessão pressionado à esquerda e à direita. A crítica e o ataque ao centro político desviam-se para um eixo mais perigoso e vertical – as oligarquias liberais dominantes bloqueiam o sistema para poderem continuar a usufruir de todos os privilégios de um regime decadente e corrupto. A “nação de cima” enfrenta o “país de baixo” e esta é a corrente situação em França que é também o espelho da Europa. (...)
(Tópicos do texto de Carlos Marques de Almeida, ECO)
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