Até hoje o país não sabe o que os socialistas pensam do Orçamento de Estado e a não ser duas linhas, a que o seu líder chamou vermelhas, pouco mais se vislumbrou no horizonte em matéria de propostas (ou contra propostas) com substância e proveito. Chega-lhes o Chega.
Montenegro está a pôr as mãos nalguma massa, ficou muito claro este domingo. Fê-lo com inteligência política, capacidade de elencar prioridades, vontade de agir, senso comum. E no tom certo, o que não é despiciendo por ser hoje um bem quase em extinção. (...)
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revisão da disciplina de Cidadania]
O primeiro ministro entende-se sobretudo com o bom senso. Sabendo que há uma considerabilíssima parte de pais de alunos que discorda – e não é de hoje – do teor da disciplina; que rejeita a absurda desadequação entre idades e conteúdos de parte do currículo da mesma disciplina; que se indigna com alguns dos textos recomendados ou com a forma que assumiram os debates já havidos na escola pública em torna desta questão, o primeiro ministro falou apenas numa “revisão”. A indignação ia fazendo as paredes do Congresso irem pelo ar: em nome de quê e com que autoridade política e ideológica é que o Governo se propunha rever “aquela” disciplina? (...)
E assim estamos. Descobrindo aliás que vale mais perder mais tempo nos écrans com a indignação de uma minoria militante, radical e insensata do que com a fundamentação de alguém cujos votos lhe permitem pelo menos conjecturar sobre o todo nacional com sensatez e serenidade políticas. (...)
A “Europa” sempre tão invocada, citada, admirada, defendida, louvada – e ainda bem – está a usar de mão de ferro, e sem sombra de dúvida, na questão da imigração. (...) Muito pouco se alude a isto entre nós. Contam-se mal ou enviesadamente as tristes histórias que vão ocorrendo entre nós e que há 4, 5 anos diríamos impossíveis de acontecer em Lisboa à luz do dia, ou mesmo no breu da noite. Não se contam bem as histórias, porque isso agradaria ao Chega, dando-lhe razão? (...)
Com inconcebível atraso, vai começar-se a agir. Honra seja feita a este governo, mas atenção: esperam-se informações, sinais, acções concretas, medidas, serviço. E obviamente energia, eficácia, organização. Sim, é muito para um país que pratica pouco qualquer destas três últimas (grandes) “virtudes”.
Mas que Luís Montenegro está a pôr as mãos nalguma massa, ficou muito claro este domingo. Fê-lo com inteligência política, capacidade de elencar prioridades, vontade de agir, senso comum. E no tom certo, o que não é despiciendo por ser hoje um bem quase em extinção. (Maria João Avillez,OBSR)
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