Vivemos numa aparente contradição: apesar da melhoria das condições de vida em Portugal e da redução lenta da taxa de risco de pobreza após transferências sociais, da subida da esperança de vida que resume em si a qualidade do sistema de saúde e da alimentação, existe insatisfação e a ideia de que estamos a viver muito aquém das nossas expetativas. Do lado dos governantes parece manter-se a ideia de que o caminho está na distribuição de recursos aos setores mais reivindicativos que aparentemente têm sempre razão. Do lado dos governados parece que não se compreende que existe a necessidade absoluta de se aumentar a riqueza do país como condição necessária para se assegurar uma vida melhor para todos. Que não basta redistribuir melhor. (...)
Na verdade, a economia de baixos salários não é uma causa, é uma consequência. De uma sociedade onde voltou a prevalecer a ideia de que as empresas e os negócios são intrinsecamente maus. Da pequena dimensão e pouca competitividade de muitas das empresas e das dificuldades que estas têm em crescer. Da regulação excessiva que pode ter vantagens, mas penaliza a atividade económica, e da inexistência de um mercado de capitais dinâmico, o que leva as mais promissoras a escolher outros horizontes.(...)
Precisamos de mais ambição, de mais esforço e de muita sorte. A insatisfação para nada serve, e as expetativas só têm importância quando temperadas pela capacidade que tivermos de ir mais além. É preciso aumentar a riqueza coletiva e para isso é necessário dar asas à economia.
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