Em Gaza está em curso uma guerra entre o Hamas, e seus aliados, e o Estado de Israel, e seus aliados.
O povo palestiniano não é tido nem achado nessa guerra - nem sequer escolhe o seu governo, portanto, nem essa responsabilidade tem, ao contrário do povo de Israel - é apenas uma vítima indefesa da guerra entre os dois beligerantes que referi.Essa guerra não nasceu a 7 de Outubro de 2023, no sentido em que havia um ataque constante a Israel com rockets e afins, e no sentido de que o 7 de Outubro foi apenas mais um episódio de uma guerra larvar há dezenas de anos, que aqui e ali emerge em episódios de guerra activa, como o que agora está em curso.
O episódio de guerra activa e total em curso é desencadeado pelo Hamas, que se recusa a baixar armas e libertar os seus reféns.
É uma guerra atípica e assimétrica porque se desenrola entre um Estado de direito, democrático, com liberdade de opinião e escrutínio do governo pela imprensa, e um grupo armado que não respeita nenhuma das convenções da guerra, começando pela convenção base: o uso de uniforme pelos combatentes, para os distinguir dos civis.
É também moralmente assimétrica porque o Estado de Israel usa os seus combatentes para proteger os seus civis e os seus recursos para investir na capacidade de defender os seus civis e o Hamas usa os seus civis para proteger os seus combatentes, usando os seus recursos para aumentar a sua capacidade de destruir o Estado de Israel.
Por isso, quando Israel acusou a ONU de se recusar a distribuir quase mil camiões de ajuda alimentar e, mais que isso, recusar a ajuda da GHF para o fazer, eu tive dificuldade em acreditar.
Por isso procurei, como procuro sempre que uma história me parece mal contada (a vida tem-me ensinado que quando uma história parece mal contada, geralmente é porque está mesmo mal contada), fontes primárias de informação.
Encontrei uma conferência de imprensa do porta-voz do Secretário Geral da ONU com a resposta oficial para a acusação feita.
Em quase vinte anos de governo do Hamas, a fome ou a sua ausência foram sempre arma de guerra, como acontece desde sempre na guerra.
Quando o Hamas toma o poder, pela força, em Gaza, a população não chegava ao milhão e meio de pessoas e é hoje um pouco mais de dois milhões, dificilmente se poderá argumentar que a fome campeava em Gaza, mas a esmagadora maioria dos recursos existentes não dependem da economia local, mas da ajuda externa (quer a que era canalizada por via da ONU, quer os muitos doadores que existem). (...)
(Aqui texto completo de henrique pereira dos santos, Corta-fitas)

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