Se queremos ganhar o futuro sem ditaduras, temos de restaurar, com pluralismo, a razão política como prática exigente, feita de prudência, imaginação e coragem. Sem isso, restam-nos ou a histeria ou a gestão tecnocrática (e mediática) dos impasses.
Pensar politicamente exige mais do que repetir fórmulas morais de cartilha: implica escolher, discriminar, hierarquizar. Obriga, sobretudo, a imaginar. E é precisamente aí que estamos bloqueados. A crise é particularmente grave em Portugal porquanto os governos e os partidosos não existem para funcionar como laboratórios de pensamento, mas como máquinas de repetição.
É uma sociedade em que os problemas são novos, mas as respostas continuam velhas e muitas vezes sem qualquer coerência entre si. Queremos “sol na eira e chuva no nabal”, sem que ninguém questione os vasos comunicantes que se estabelecem entre políticas públicas que, nos seus objetivos, incentivos e consequências não desejadas, conflituam entre si.
(excertos do texto de Rodrigues Adão da Fonseca, OBSR)

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