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terça-feira, 30 de setembro de 2025

Notícias Ao Fim Da Tarde

A Frase ( 220)

Quem tem medo da Rússia? A resposta deveria ser: todos nós. Porque não se trata apenas de recear uma invasão militar ou uma escalada nuclear. Trata-se de reconhecer que o maior perigo hoje é interno: é a erosão da confiança que mantém vivas as nossas democracias. A Rússia já percebeu que não precisa de derrotar a Europa em campo aberto: basta-lhe garantir que os europeus começam a desconfiar uns dos outros, dos seus líderes, das suas instituições. Que a coesão política e económica cede em toda a linha.    (Miguel Baumgartner, J Económico)

O que Moscovo procura é constante: desgastar a Europa, desgastar os seus líderes, desgastar a confiança dos cidadãos. A cada ataque informático, a cada fake news, a cada interferência eleitoral, o objetivo não é apenas um ganho imediato. É prolongar a sensação de vulnerabilidade, é criar a perceção de que as democracias são frágeis e permeáveis, enquanto os regimes ao estilo russo são sólidos e eficazes. É impor ao Ocidente uma guerra psicológica em que cada vitória de Moscovo se mede em dúvidas plantadas, em suspeitas espalhadas, em fissuras abertas.

Citação

A vida é um caminho de sombras e luzes.
O importante é que se saiba vitalizar as sombras e aproveitar as luzes.

(Henri Bergson)

segunda-feira, 29 de setembro de 2025

Notícias Ao Fim Da Tarde

A Frase (219)

O desinvestimento americano na segurança europeia e no apoio à Ucrânia torna mais urgente o esforço alemão e o esforço europeu.     (Teresa de Sousa, Público)

O regresso da Alemanha - Quando Friedrich Merz chegou à chancelaria de Berlim, prometeu devolver à Alemanha o papel liderante que já teve, e que lhe compete, na União Europeia. Não deixou a promessa por mãos alheias. Hoje, Berlim está na primeira linha do apoio europeu à Ucrânia. É o maior dador de armamento, sobretudo a partir do momento em que os Estados Unidos de Trump transferiram esse esforço para a Europa. Operou uma revolução nas finanças públicas, eliminando, com o apoio do SPD, a cláusula de travagem da dívida e investindo maciçamente nas infra-estruturas e na defesa

A Europa tem ainda um longo caminho a percorrer para dotar-se de uma indústria de defesa poderosa e mais auto-suficiente. Durante anos, cada país tratou das suas próprias indústrias, em concorrência com as dos vizinhos. Ainda hoje, aliados europeus têm 13 tipos diferentes de carros de combate, para dois nos Estados Unidos. Harmonizar os standards e cooperar em projectos conjuntos exige uma verdadeira revolução, embora os novos instrumentos adoptados por iniciativa da Comissão, como o programa SAFE (150 mil milhões de euros) incentivem uma muito maior cooperação.

Aparência ...


“As coisas não são observadas pelo que são, mas pelo que parecem.
São raros os que olham por dentro e muitos os que se contentam com as aparências.
Não basta ter razão se a ação tem má aparência.”

(Baltasar Gracián y Morales)

domingo, 28 de setembro de 2025

Notícias Ao Fim Da Tarde

A Frase (218)

Qual é o plano? - Virada para leste, a UE não nos pode ajudar como em 2011. Daí a pergunta: qual é, desta vez, o plano? Como é que posicionamos Portugal daqui a 20 anos? Qual vai ser a nossa nova identidade? (...)         (André Abrantes Amaral, OBSR)

Nos anos 70, o Estado social europeu era um modelo consolidado. Não havia muito que inventar ou pensar. Apenas aplicá-lo em Portugal, o que requereu da parte Soares, de Sá Carneiro e de outros muita coragem política. Houve combate político sério, mas os políticos dos anos 70 não andavam perdidos. A ordem mundial estava estabelecida há muito e a escolha reduziu-se ao lado barricada em que ficávamos. (...)

Hoje não é assim, com o mundo a sofrer uma tremenda alteração no seu equilíbrio. Em última instância, a UE pode desagregar-se ou caminhar para um estado federal. Qualquer destas duas possibilidades, apesar de extremas, são possíveis. Se a opção federal se impuser, qual será a nossa mais-valia que distinga Portugal na Europa e no mundo? Se a UE se desintegrar, onde e como é que nos vamos posicionar? Se tudo se mantiver igual, como é que podemos contribuir para que a presente instabilidade seja ultrapassada? Perante qualquer dos cenários é indispensável que ponhamos mãos à obra e pensemos o que queremos para o futuro, como gastaríamos que Portugal fosse nos próximos anos.

Hoje


Hoje, prefiro cantar as coisas simples, as que
crescem depressa, como os ciprestes, ou as
que se enrolam a tudo o que aparece nos muros
como as buganvílias. Através delas, vejo o céu
que me traz outras coisas, mais complicadas
dos que estas da terra; e também no céu
escolho, hoje, o que não é difícil, a nuvem
que há pouco parecia eterna e desapareceu;
ou um branco sujo que apagou o horizonte,
por algum tempo, e fez com que todo o
universo ficasse ao meu alcance para nada.


Mas o que é simples também pode ser o
seu contrário. Há uma lógica no interior
deste movimento que faz crescer o cipreste,
ou empurra a buganvilia para o fundo do muro;
e também as nuvens seguem uma direção
precisa, mudando a sua forma à medida que
se afastam dos meus olhos. A verdade deste
mundo encontra-se no próprio acaso que
a determina; e sou eu que tenho de encontrar
as razões para o que não precisa delas,
porque a sua existência se limita a este
perfume de fim de verão, ou à queda
das folhas que se confundem com nuvens.
(...)

(Nuno Júdice)

sábado, 27 de setembro de 2025

Notícias Ao Fim Da Tarde

Saiba Como Vai Este País

O governo sombra do Chega está praticamente fechado. São conhecidos 11 dos 12 a 13 ministros-sombra que Ventura admite vir a ter. Ainda que alguns dos nomes sejam de membros do partido, o líder do Chega cumpriu a promessa de apresentar uma alternativa composta em “grande parte” por pessoas sem cartão de militante. Além dos naturais pontos em comum com o programa do partido, alguns destes ministros-sombra fazem críticas ao Chega, têm dúvidas sobre qual será a sua função e discordam da linha oficial do partido em grandes dossiês como, por exemplo, a privatização da TAP.  

(Miguel Pereira dos Santos, OBSR)

O Paradoxo Da Tolerância

Uma sociedade que tolera tudo, inclusive a intolerância, pode acabar destruindo a si mesma. Para proteger a própria tolerância, é necessário não tolerar aqueles que ativamente promovem a supressão da liberdade. A solução para isso envolve primeiro a crítica racional e o controle pela opinião pública, mas, se a intolerância ameaçar a sociedade, a força (por meios legais) pode ser o último recurso para defendê-la.

(O paradoxo da tolerância, por Karl Popper)

A tolerância é limitada, na prática, pelo direito do indivíduo de reivindicar, a partir de argumentos racionais, que ‘significados’ que não se pautem pela racionalidade e que pretendam ser impostos por seus portadores a qualquer custo sejam proibidos de circular. Ele denominou essa possibilidade de convivência de ‘paradoxo da tolerância’, porque, em nome da tolerância ou para se anular a intolerância, o princípio da tolerância precisa acabar com a própria tolerância. 

sexta-feira, 26 de setembro de 2025

Notícias Ao Fim Da Tarde

A Frase (217)

Portugal prepara-se para alterar e rever profundamente a sua legislação laboral. Este é, sem dúvida, um momento importante e não pode ser encarado como uma mera reforma isolada, mas antes integrada numa visão mais ampla de crescimento económico, investimento e modernização do país. Não é possível promover uma economia mais competitiva com uma legislação laboral desalinhada dos desafios e exigências da nova realidade económica internacional.  (Virgílio Macedo, ECO

Portugal não pode continuar a ter um Código do Trabalho que exige interpretação constante, que remete muitas decisões para regulamentação adicional e que mantém uma rigidez bacoca, que dificulta a relação laboral, penalizando as empresas a ciclos económicos mais voláteis. Esta realidade desincentiva o investimento de longo prazo e prejudica a criação de emprego qualificado. Uma reforma bem-sucedida será aquela que, respeitando os direitos fundamentais dos trabalhadores, promova ao mesmo tempo a flexibilidade, a mobilidade e a produtividade.

Outono


Tarde pintada
Por não sei que pintor.
Nunca vi tanta cor
Tão colorida!
Se é de morte ou de vida,
Não é comigo.
Eu, simplesmente, digo
Que há fantasia
Neste dia,
Que o mundo me parece
Vestido por ciganas adivinhas,
E que gosto de o ver, e me apetece
Ter folhas, como as vinhas.

(Miguel Torga)

quinta-feira, 25 de setembro de 2025

Notícias Ao Fim Da Tarde

A Frase (216)

 O valor do que é próximo - Não é especialmente novo quando falamos de autárquicas, mas nos tempos que correm é esperançoso ver como as trincheiras se esbatem na política local. A democracia continua vibrante na promessa de ter gente dedicada à causa de servir as suas comunidades.    (David Pontes, Público) 

O RELÓGIO


Os chineses vêem as horas nos olhos dos gatos.
Um dia um missionário, passeando pelos subúrbios de Nanquim, percebeu que tinha esquecido seu relógio e perguntou as horas a um menino.
O garoto do Império Celeste, inicialmente, hesitou depois, reconsiderando, respondeu: “Vou lhe dizer.” E desapareceu. Poucos instantes depois voltou trazendo no colo um grande gato e olhando, como se costuma dizer, no branco dos olhos, afirmou sem hesitar: “Não é ainda meio-dia.” O que era verdade.
Por mim, se me inclinar para a bela Felina, assim tão bem chamada, que é, ao mesmo tempo a honra de seu sexo, o orgulho do meu coração e o perfume do meu espírito, quer seja noite, quer seja dia, em plena luz ou na sombra opaca, no fundo de seus olhos adoráveis, vejo sempre a hora distintamente, sempre a mesma, uma hora vasta, solene, grande como o espaço, sem divisões, nem de minutos, nem de segundos — uma hora imóvel que não é marcada no mostrador dos relógios e, entretanto, leve como um suspiro, rápida como uma olhadela.
E se algum importuno vier me perturbar enquanto meu olhar repousa sobre esse delicioso mostrador, se qualquer gênio desonesto e intolerante, qualquer demónio do contratempo vier me dizer: “O que olhas tu com tanto cuidado? O que procuras nos olhos desse ser? Vês a hora, pródigo e mortal preguiçoso? , eu responderia, sem hesitar: Sim, eu vejo a hora: a Eternidade.”
Não é, madame, que aqui tendes um madrigal verdadeiramente meritório e tão enfático como vós mesma? Na verdade tive tanto prazer em bordar essa pretensiosa galanteria que não vou pedir nada em troca.       

(Charles Baudelaire)

quarta-feira, 24 de setembro de 2025

Notícias Ao Fim Da Tarde