Um homem apresentou-se perante um mestre para expor os reveladores conhecimentos que obtivera . O mestre perguntou-lhe :
- O que é para ti a última realidade ?
- Tudo o que nos envolve é relativo aos fenómenos , transitório , insubstancial . A verdadeira natureza é o vazio - disse o homem .
Nesse momento , o mestre deu-lhe uma bofetada . Irado , o visitante abalançou-se sobre o mestre que , serenamente , disse :
- Se tudo está vazio , de onde vem essa fúria ?
O homem compreendeu que os conceitos não são a experiência .
A compreensão intelectual é de curto ou médio alcance , não transforma . O conhecimento intelectual guia-nos durante uma parte do caminho , mas não nos pode levar mais além . O conceito não modifica , como se lermos apenas o prospecto de um remédio , este não cura .Se compreendermos alguma coisa e não agimos ou procedemos em conformidade , é que não foi compreensão clara e viva mas uma compreensão insubstancial , superficial . Como não compreendemos com profundidade e claridade , saturamos as nossas vidas de propósitos e intenções que não se materializaram e fica um abismo entre o pensado e o feito , o desejado e o realizado . Não nos podemos mover só por crenças , mas por experiências . A palavra não é coisa ; a descrição não é facto e daí que ao açúcar lhe seja indiferente se o chamam açúcar ou sal , porque continua doce. O pensamento ocupa um lugar nas nossas vidas , mas não é toda a vida . A vida é tão polivalente que não pode ser aprisionada pelos pensamentos . Mas se reduzirmos tudo a conceitos , corremos o risco de dissecar ou assassinar a vida .
(Leitura deste conto antigo aconselhada a alguns INTELECTUAIS do país )
1 comentário:
brilhante reflexão! sim sra!
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