A guarda real levou um homem com aspecto de mendigo perante o monarca.
- Por que me trazem este homem' - perguntou o rei.
- Majestade, não sabemos se é louco ou se quer ofender-vos intencionalmente, mas diz que deseja dormir nesta pousada e não está disposto a ir embora - respondeu o chefe da guarda.
- Como ousas chamar pousada ao meu fabuloso palácio, seu insolente? - inquiriu o monarca fora de si.
- De quem era este lugar antes de ser vosso'- perguntou, por sua vez, o mendigo.
- Do meu pai.
- E antes ?
- Do meu avô.
- E antes ainda ?
- Do meu bisavô.
- Onde estão eles agora ?
- Estão mortos.
E o mendigo disse :
- E como é que não chamam pousada a um lugar de passagem, onde as pessoas vêem e vão ?
Não há maior prodígio do que pensar que só os outros é que morrem e que as nossas posses têm um carácter permanente. Num antigo texto budista, o Nikaya, podemos ler: « Nunca vos ocorreu pensar: " Eu também hei-de envelhecer, não me vou livrar da velhice, por isso o melhor será que, enquanto posso, aja bem de pensamento, palavra e obra"? A maior posse é uma mente tranquila; o maior privilégio, poder ser de alguma ajuda aos outros; o sentido mais profundo, poder pôr fim à ofuscação da mente."
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