(...)
Vivemos o imperativo da mudança sob o signo de uma modernidade cada vez mais vazia, até descobrirmos que afinal quem mudou foram os outros. E que tudo mudou tanto que nós agora queremos é conservar o que temos. Nós falávamos de mudança, mas foram os outros que a fizeram.
Vivemos como se de repente descobríssemos pertencer a uma espécie de aristocracia condenada. Que, talvez pela primeira vez na história, não tem a mais pequena ideia de quem, ou do que, se lhe seguirá.
Vivemos desde a transição do século agarrados a um mundo que, por mais que se critique, na verdade ninguém quer trocar por aquilo que se pressente no horizonte.
Vivemos sem acreditarmos naquilo que sabemos, e sem verdadeiramente conhecermos aquilo em que acreditamos. As nossas informações, convicções, sentimentos e conhecimentos não combinam nem convergem, produzindo um pequeno caos quotidiano na cabeça de todos.
Vivemos numa sociedade de ficção que reduz o colectivo ao mercado, o indivíduo ao consumidor, que deixou de se querer aperfeiçoar e apenas quer durar. Em que todos os valores têm cada vez mais um traço comum, o de não terem valor nenhum. (...)
Vivemos assim - mas não devíamos!
Fonte: Manuel Maria Carrilho,DN
Precisamos de manter a esperança. Não nos devemos conformar!
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