Os novos bárbaros adquirem treino militar nos nossos territórios, e nas horas vagas circulam entre nós livremente, sem que os possamos reconhecer. Restrições razoáveis à imigração são claramente insuficientes para os detectar e deter.
Devemos então ir para além disso?
Não, não devemos nem podemos. Pelo simples motivo de que uma Europa entrincheirada por trás dos muros de uma fortaleza não seria a Europa, seria um agregado de estados policiais com as ameias guarnecidas de metralhadoras e os cidadãos vigiados por polícias e censores. Uma tal Europa seria o aniquilamento do “nosso modo de vida” e a vitória dos nossos carrascos. Estão reunidos os elementos de um destino trágico, pré-inscrito nos pressupostos que regem a nossa vida individual e colectiva. Nada é eterno. Afinal, Roma também caiu perante os bárbaros.
A vida envolve riscos em qualquer circunstância. Podemos sempre agarrar-nos à ideia de que, agora, o risco é maior, e viver com ele. Rui Ramos, num artigo de ontem, diz-nos que a única solução consiste em combater a sério o jihadismo. Infelizmente não nos diz como. Bush falhou. Obama optou pelo discurso do Cairo e, salvo as televisões, ninguém ligou. E da Europa, que se manifesta enlutada, apregoa, fala, discute, não decide e não se compromete, nada há a esperar.
Maria Fátima Bonifácio, Observador
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