Podem os políticos ter ganhos eleitorais manipulando a situação económica? Ou podem os autarcas ganhar eleições com obras públicas? A resposta é sim. Mas esse “sim” é tanto mais significativo quanto menos desenvolvida for uma democracia.
A cidade de Lisboa está em obras. Na avenida Infante Dom Henrique, perto do Parque das Nações, na 24 de Julho, na zona do Campo das Cebolas, no Cais do Sodré, no eixo central que vai do Marquês de Pombal a Entrecampos assim como em algumas ruas laterais. E aguardam-se para breve as obras na Segunda Circular.
Nem quando se fez o túnel do Marquês nem quando o Terreiro do Paço esteve durante anos em obras se assistiu a um número tão elevado de obras na cidade, todas ao mesmo tempo.
É na assimetria da informação que está o segredo do sucesso dos políticos que fazem gestão de ciclos eleitorais, ou seja, é no facto de os eleitores não anteciparem o que vão pagar, depois, pelo que lhes estão a dar agora. Em Lisboa, também não sabemos o que vamos pagar a prazo com tantas obras. Como não sabemos quanto nos podem custar as políticas económicas que hoje estão a ser adoptadas pelo Governo. Tudo acaba por desaguar em dois pilares fundamentais de uma democracia desenvolvida: na informação que garante escolhas informadas e em instituições fortes que garantam a responsabilização. Porque os políticos têm e terão sempre como objectivo manter o poder. A factura que a sociedade paga para os políticos atingirem esse objectivo depende da própria sociedade.
(excertos do artigo de Helena Garrido, OBSR)
Sem comentários:
Enviar um comentário