De: José Manuel Fernandes |
Era possível derrotar Fernando Medina em Lisboa? Creio que sim, se PSD e CDS se tivessem entendido. Com ou sem candidatura de Cristas. Mas como esta não é a primeira vez que, na capital, a direita, e o PSD em particular, correm para perder, não creio que esse seja o maior problema de Passos.
O maior problema de Passos é que, mesmo depois dos difíceis anos de ajustamento, o país não dá sinais de ter entendido a necessidade de reformas e ele, tal como o PSD (e o CDS), parecem ter-se resignado a isso. Por isso não tem um discurso político mais coerente e mais mobilizador. Pode ter toda a razão do mundo quando denuncia os truques orçamentais do Governo (e tem), mas isso é pouco. Pode ir aproveitando as diferentes trapalhadas da geringonça, mas isso também é pouco, é politiquinha que só mobiliza os activistas. Pode (e até deve) continuar a avisar para os perigos do rumo que está a ser seguido, mas continua a ser muito pouco e muito deprimente. Pior: tudo somado é sempre poucochinho.
Dir-se-á: podia ser diferente? A meu ver podia, e não apenas fazendo “mais política”, como recomendam os comentadores que adoram a intriga, a manobra e o jogo de enganos. Mas exigia outra forma de olhar para o país e de fazer política. Uma capacidade para dizer sem rodeios que Portugal nunca irá a lado nenhum enquanto não sair deste atavismo que mistura o corporativismo que vem do Estado Novo com o socialismo “constitucional”, essa sopa pastosa em que nos movemos e que nunca ninguém verdadeiramente desafiou.
José Manuel Fernandes, OBSR
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