Ela está no ministro José Vieira da Silva, pai da ministra Mariana Vieira da Silva e marido da deputada Sónia Fertuzinhos, agora de partida para a bancada do PS no Parlamento Europeu. Mas é igualmente evidente na relação matrimonial entre o ministro Eduardo Cabrita e a ministra Ana Paula Vitorino. Esta teve aliás há meses o ensejo de nomear Eduardo Paz Ferreira para presidente da comissão de renegociação da concessão do terminal do Porto de Sines. Quem? O marido da ministra Francisca Van Dunem.
Trata-se de uma tradição antiga, que não distingue épocas ou geografias. Pense-se na família do líder parlamentar do PS. Com o patriarca César ausente no continente, mulher, filho, irmão e nora veem-se obrigados a desempenhar cargos públicos nos Açores. Ou no irmão da secretária-geral adjunta do PS que é secretário de Estado dos Assuntos Fiscais. Já o atual ministro da Defesa, por exemplo, é filho de um antigo ministro das Obras Públicas, João Cravinho, colega de António Costa no XIII Governo Constitucional. Do mesmo modo que o primeiro ministro da Cultura deste Governo é filho de Mário Soares que nem nos seus tempos de presidência "quase monárquica" levou a ética republicana a um expoente tão elevado. Sendo certo que muitas destas pessoas têm méritos e competências de sobra, é verdadeiramente a sensação de compadrio familiar alargado que lhes arruína a reputação e lhes limita a ação.
(Excertos do artigo de ontem de Nuno Botelho, JN)
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