Esta janela tem o peso das suas estrelas
e todas as coisas se movem por cima desta folha branca.
Quando nos encontramos habitamos uma hora diferente,
trocamos os corpos pela redução do rosto.
Assim, o que dizemos um ao outro apenas sobe,
é nosso sem pertencer verdadeiramente a nenhum de nós.
Talvez um dia alguma emoção não suba e fique exactamente
no mesmo centro sísmico, no cosmos desta humilde lama,
no que reciclamos sobre a eternidade desta ilusão.
Aqui, nesta janela que tem o peso das suas estrelas,
e por cima desta folha branca e suja,
ascendo ao conhecimento de nenhuma página
e torno-me, contigo, um grão de areia no destino do vento.
Tiago Nené
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