segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

Notícias Ao Fim Da Tarde

A Frase (20)

O discurso ao centro e centro-esquerda de Rui Rio falhou. Aliás, foram os partidos que marcaram mais a oposição ao PS (IL e Chega) que cresceram mais. É difícil esperar que a mesma receita do PSD no futuro venha a dar resultados diferentes. Já foi testada por mais do que uma vez, e não resultou.               (André Pinção Lucas, ECO)

Serenidade


 Assim como, em verdade, a terra recebe com serenidade tudo, puro e impuro, que se atira sobre ela, assim também aceitarás com serenidade tanto a alegria como a tristeza - se pretendes atingir a sabedoria.

(Buda-Vasna)

domingo, 30 de janeiro de 2022

Notícias Ao Fim Da Tarde

A Frase (19)

 É  desconcertante e paradoxal que vivendo num mundo com muito mais possibilidades do que as gerações e sociedades anteriores, vivamos mais infelizes e mais débeis.                    (Marta Lince Faria, OBSR)

É comum pensar que são os empregadores e as lideranças que exigem que as pessoas trabalhem acima de níveis considerados razoáveis. Embora possa ser verdade que um ou outro gestor exige demasiado dos seus trabalhadores, corresponde muito mais à minha experiência o facto de os líderes estarem preocupadas com estes fenómenos, mas não conseguirem mudar os seus comportamentos e os das equipas que coordenam. E qual seria a causa? 

A interpretação de Byung-Chul Han é que estamos num momento em que os próprios indivíduos se constituíram em exploradores de si próprios: “se posso mais, devo mais!” As motivações podem ser muitas: a incerteza de um mundo em constante mudança, o contacto permanente com todos os países que nos faz querer pertencer ao grupo dos melhores ou que nos faz sentir responsáveis por todos os desastres do planeta, o prazer de nos sentirmos reconhecidos… É difícil encontrar uma só motivação, são muitas e subtis, de tal modo que o indivíduo continua a explorar-se e a sentir-se livre. Explica Byung-Chul Han “o excesso de trabalho e de produção conduz, a um nível mais elevado, à autoexploração. Esta é mais eficaz do que a exploração por terceiros, uma vez que vem associada a um sentimento de liberdade. 

O ser explorado é simultaneamente o que explora – agente e vítima já não se distinguem entre si. Esta autorreferencialidade gera uma liberdade paradoxal que, em virtude das estruturas coercivas que lhe são intrínsecas, se converte em violência. As doenças psíquicas da sociedade da produção nada mais são do que manifestações patológicas desta liberdade paradoxal.”

Se a hipótese de Byung-Chul Han é verdadeira, só será possível devolver à sociedade e a cada indivíduo um estilo de vida que promova uma liberdade autêntica, através de um esforço concertado por mudar hábitos, formas específicas de educação e características culturais. As organizações poderão e deverão alertar para este facto, aumentando o nível de awareness, e criando políticas promotoras do equilíbrio dos indivíduos e da sua saúde mental, mas apenas isto não será suficiente. (ler texto completo

Metamorfose

Repara: – a imóvel crisálida
Já se agitou, inquieta,
Cedo, rasgando a mortalha,
Ressurgirá borboleta.

Que misteriosa influência
A metamorfose opera!
Um raio do sol, um sopro!
Ao passar, a vida gera.

Assim minha alma, ainda ontem
Crisálida entorpecida,
Já hoje treme, e amanhã
Voará cheia de vida.

Tu olhaste – e do letargo
Mago influxo me desperta:
Surjo ao amor, surjo à vida
À luz de uma aurora incerta.

(Júlio Dinis)

Júlio Dinis, autor do romance “As Pupilas do Senhor Reitor”,  
é o nome literário do escritor português Joaquim Guilherme Gomes Coelho (1839-1871).

sábado, 29 de janeiro de 2022

Notícias Ao Fim Da Tarde

Actualmente, É Bem Provável Que A Vulnerabilidade Das Instituições Seja O Elo Mais Fraco Da Democracia Portuguesa.

       
De: António Barreto
Se é verdade que a democracia erige o povo em soberano, em princípio organizador da comunidade, também é verdade que tal génese não permite acreditar que, neste regime, quem manda é a política, que a política se sobrepõe ao direito, à cultura, à economia, à religião e à arte. Na verdade, no respeito pela liberdade, a política tem de compor com todas aquelas esferas de acção humana. (...)

Sob pressão dos partidos, foi-se criando a ideia de que a política se sobrepõe a toda a vida pública. Assim se faz com que, dia após dia, ano após ano, se fortaleça o Estado, em detrimento das instituições como, por exemplo, as academias, as associações, os sindicatos, as empresas ou as religiões. A centralização administrativa, o primado da política, a dependência financeira e a tutela europeia completam o quadro de vulnerabilidade. A que também não é estranha a ingerência política.

Olhemos à nossa volta. Que organizações aumentam os seus poderes e as suas funções? O Estado central. A União Europeia. A grande banca e as muito grandes empresas multinacionais. Os partidos políticos. Os clubes de futebol. Quem perde poderes e autonomia? As magistraturas. As Forças Armadas. As universidades e as academias. As associações profissionais. Os sindicatos. A Igreja católica e as restantes religiões. As escolas. A imprensa. Neste panorama cinzento, as autarquias municipais ocupam lugar especial: ainda fortes, mas dependentes. (...)

A fraqueza e a debilidade das instituições em Portugal serão talvez as principais ameaças das liberdades e da democracia. Ao lado da pobreza, da desigualdade e da falta de cultura, a fraqueza da democracia portuguesa reside na fraqueza das suas instituições. (ler aqui texto completo)

Frente A Uma Situação Difícil ...

 
 Frente a uma situação difícil, o Português opta pela espera de um milagre ou pela descompressão de uma anedota. O grave disto é que o milagre não vem e a anedota descomprime de tudo. Ficamos assim à mercê do azar e nem restos de razão para mexer um dedo . 


(Vergílio Ferreira)

sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

Notícias Ao Fim Da tarde

Destruição De Habitats Está A Ameçar Diversas Espécies De Aves

 Sim, já tinha observado a diminuição de aves que habitualmente  sobrevoavam o monte no Alentejo, mas a partir de 2020 foi ainda mais notório. Ao entardecer a presença mais constante era a de três gaviões. 

Eis algumas explicações:

sisão

As andorinhas estão a desaparecer dos montes alentejanos, tal como os pintassilgos, as cegonhas-brancas ou os peneireiros. Elaborado pela Sociedade Portuguesa para o Estudos das Aves, o relatório "Estado das Aves em Portugal 2019" alerta para a ameaça que várias espécies enfrentam, em resultado da "transformação do mosaico agrícola tradicional em monoculturas de grande dimensão". Entre elas estão algumas aves emblemáticas do Baixo Alentejo, como o milhafre-real, em queda acentuada, ou o sisão, cuja população diminuiu para metade desde o início do século.    (Texto Luís Godinho)
abelharuco

Ave migratória típica do montado alentejano, o abelharuco alimenta-se de insetos, principalmente, de abelhas (daí o seu nome) e de vespas. Vê-los é cada vez mais raro. Entre 2011 e 2018 a população desta espécie reduziu-se em 65 por cento, de acordo com uma estimativa da Sociedade Portuguesa para o Estudos das Aves (SPEA), a que o "Diário do Alentejo" teve acesso. Igualmente preocupante é a situação de outras 13 espécies de aves comuns associadas aos habitats agrícolas e que se encontram em declínio acentuado, a começar pela andorinha-das-chaminés e pela andorinha-dos-beirais, cuja chegada e partida dos montes alentejanos indicia, respetivamente, o início da primavera e a chegada do outono. São espécies cada vez mais raras, pois o número de exemplares recenseados baixou para cerca de metade durante o mesmo período.

pintassilgo

Situação idêntica ocorre, por exemplo, com o pintassilgo (- 43 por cento), com o picanço-real (- 54 por cento), com o peneireiro (- 17 por cento) ou com o pardal-comum (- 29 por cento). O número de cegonhas-brancas é também significativamente menor (- 44 por cento), tal como sucede com o carraceiro (- 23 por cento) ou com o milhafre-preto (- 6 por cento), uma ave de rapina que embora não se encontrando em risco de extinção é muito sensível a fatores como a poluição das águas ou o uso de pesticidas. A perda e a degradação dos habitats, "nomeadamente, a transformação do mosaico agrícola tradicional em monoculturas de grande dimensão, assim como o uso de fitofármacos em grande escala", são explicações apontadas para o declínio destas espécies, em particular das insetívoras, e constituem um "alerta para eventuais mudanças que estejam a ocorrer no meio agrícola com impacto para a biodiversidade", assinala a SPEA.

“Sabemos as causas da maioria destes declínios. Se não agirmos já para as travar estamos a colocar em risco a natureza e a qualidade de vida dos nossos filhos e netos", diz Domingos Leitão, diretor executivo desta associação ambientalista, defendendo a necessidade de "pensar para lá do lucro imediato". "Para salvar o património natural dos nossos campos, Portugal tem que investir muito mais dinheiro da Política Agrícola Comum na gestão adequada dos sistemas agrícolas extensivos, como os mosaicos de cereal e pousio e os olivais tradicionais, que produzem menos mas contribuem para a conservação da biodiversidade, dos solos e da água”, acrescenta.

Ainda de acordo com Domingos Leitão, Portugal "deve deixar de promover o regadio e a agricultura intensiva, abster-se de autorizar projetos imobiliários e turísticos na linha de costa, acabar com a sobre-exploração dos recursos pesqueiros e proteger as reservas e parques naturais do impacto causado por aeroportos, minas e outros projetos destrutivos”.

O relatório "Estado das Aves em Portugal 2019", elaborado pela SPEA, mostra que a redução do número de exemplares das espécies mais comuns não é caso isolado: "Os dados recolhidos em vários programas de monitorização convergem na conclusão de que, como consequência da intensificação da agricultura, com o investimento no regadio intensivo, nas estufas e nos agroquímicos, as aves de zonas agrícolas estão em declínio".

De acordo com a SPEA, em causa está uma "alteração significativa no uso dos solos" no Alentejo, com a conversão de vastas áreas de sequeiro em pastagens permanentes, olivais intensivos, vinhas e outras culturas. "Esta intensificação agrícola não se resume à perda de habitat, pois a sua qualidade também tem vindo a degradar-se, com maiores densidades de gado nas pastagens e o corte de vegetação (fenos) a ocorrer cada vez mais cedo coincidindo com a fase de ovos ou crias nos ninhos. Por outro lado, o uso de fitofármacos e as extensas áreas de monoculturas não promovem a ocorrência de insetos, rebentos e flores de que as crias necessitam para se alimentar", sustenta a associação ambientalista. As colisões com linhas elétricas e a caça furtiva, sobretudo, fora das áreas designadas para a proteção da espécie, são outras causas que justificam uma mortalidade elevada.

Realidade Ou Ficção ?

Realidade ou ficção? Afinal, de tudo o que foi dito, o que é que é para levar a sério?                  (Paulo João Santos, CM)

A campanha pôs os eleitores numa posição difícil: distinguir a ficção da realidade. Houve ideias válidas, porventura exequíveis. (...) Mas também se ouviram disparates e narrativas fantasiosas, o que torna a escolha num exercício complexo.

Houve quem defendesse, por exemplo, uma espécie de circuitos turísticos para ver touros bravos em detrimento das touradas; quem admitisse um ensino superior suportado pelos estudantes, à custa de empréstimos; quem propusesse que uma empresa continuasse a pagar salário a quem decidisse ir à sua vida.

A Poesia ...


A poesia é o eco da melodia
do universo no coração dos
humanos.

(Rabindranath Tagore)

quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

Notícias Ao Fim Da Tarde

Os Processos Pendentes Nos Tribunais Administrativos

 Os processos pendentes nos tribunais administrativos fizeram disparar nos últimos anos o volume das indemnizações exigidas ao Estado. De dois mil milhões de euros em 2016, subiram para 4,5 mil milhões em 2020.        (João Maltez,JNegócios) 

A Verdadeira Liberdade


A liberdade, sim, a liberdade!
A verdadeira liberdade!
Pensar sem desejos nem convicções.
Ser dono de si mesmo sem influência de romances!
Existir sem Freud nem aeroplanos,
Sem cabarets, nem na alma, sem velocidades, nem no cansaço!

A liberdade do vagar, do pensamento são, do amor às coisas naturais
A liberdade de amar a moral que é preciso dar à vida!
Como o luar quando as nuvens abrem
A grande liberdade cristã da minha infância que rezava
Estende de repente sobre a terra inteira o seu manto de prata para mim...
A liberdade, a lucidez, o raciocínio coerente,
A noção jurídica da alma dos outros como humana,
A alegria de ter estas coisas, e poder outra vez
Gozar os campos sem referência a coisa nenhuma
E beber água como se fosse todos os vinhos do mundo!
(...)

(Álvaro de Campos)

quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

Notícias Ao Fim Da Tarde

A Corrida É Renhida Entre Dois Políticos Profundamente Diferentes.

 
A corrida é renhida entre dois políticos profundamente diferentes. Rio é um corredor de fundo com um temível sprint final. Nesta campanha, está a explorar fundamentalmente o seu perfil determinado e popular, deixando de parte os aspetos mais secos e autoritários da sua personalidade. Costa, por seu lado, é um fundista puro, que domina todas as técnicas, mas está desgastado pela governação e um governo excecionalmente mau. Rio tem-se refugiado em generalidades, sem dizer verdadeiramente ao que vem. E Costa promete mais do mesmo, ou seja, cumprir o que não conseguiu, usando abundantemente as circunstâncias pandémicas para se justificar.      (Eduardo Oliveira e Silva, Ji

Poesia Sem Poeta


" Parecia uma
perda sem
conquista
Uma saudade sem
ida
Uma derrota sem
batalha
Uma música sem
harmonia
Uma poesia sem
poeta"

terça-feira, 25 de janeiro de 2022

Notícias Ao Fim Da Tarde

A Ambiquidade Do PS (18)

 A uma semana das eleições, ninguém sabe ao certo se o PS ainda luta por uma maioria absoluta, se está disposto a ressuscitar a “geringonça” ou até se está disposto a “sentar-se à mesa” com o PSD.

(Manuel Carvalho, Público)

Em 1988, um dirigente do futebol cunhou uma frase que ficou na memória: “O que hoje é verdade amanhã é mentira.” Na presente campanha, as hesitações da liderança socialista fazem lembrar essa premissa, que é sempre muito conveniente em momentos de incerteza como os da campanha em curso. António Costa dizia que “a ‘geringonça’ não é possível” e está agora a afirmar que nunca lhe fechou as portas.

As Pessoas De Bom Caráter Despertam Confiança


As pessoas geniais são admiradas, as ricas invejadas, as poderosas temidas, 
mas as pessoas de bom caráter despertam confiança.      

(R)

segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

Notícias Ao Fim Da Tarde

Há Qualquer Coisa Que Está A Correr Muito Mal À Esquerda E Que Está A Correr Estranhamente Bem À Direita.

Agora o País move-se, observa o circo paroquial, avalia a certidão de sanidade mental dos candidatos e exerce uma intenção de voto. E afinal o Governo provoca a dissolução da Assembleia num gesto de soberba e calculismo político que até agora se tem revelado como uma
humilhação para o PS.

E afinal a Esquerda submissa quer recuperar a insubmissão e já não sabe o que é ser revolucionário, rebelde, radical e acaba a debitar banalidades estafadas para consumo dos convertidos. O que é absolutamente fantástico é que o PS com o sonho da maioria absoluta acaba por escancarar as portas a um fenómeno eleitoral que não percebe, que não controla, mas que parece querer rebentar com estrondo nos resultados políticos do partido.

Os outros partidos à Esquerda estão em contenção de danos, os danos que os próprios criaram e criaram a Portugal. O fantasma volta sempre para ensombrar os aprendizes de feiticeiros que se julgam mestres dos mais escuros jogos políticos.        (Carlos Marques de Almeida, ECO)

É Reduzido O Número Daqueles Que Vêem Com Os Seus Próprios Olhos E Sentem Com O Próprio Coração.

É reduzido o número daqueles que vêem com os seus próprios olhos e sentem com o próprio coração. Mas da sua força dependerá que os homens tendam ou não a cair no estado amorfo para onde parece caminhar hoje uma multidão cega.       

(Einstein, Albert)

domingo, 23 de janeiro de 2022

Notícias Ao Fim Da Tarde

A Frase (17)

Ao ter como plano A a maioria absoluta (trazendo inevitavelmente à memória José Sócrates e também Cavaco Silva) e plano B com governar à Guterres (o “pântano”), António Costa, do alto da sua “egotrip”, parece que está a fazer tudo para que Rui Rio acabe em primeiro-ministro e ele, Costa, vá sossegadinho para casa à espera de um cargo europeu.         (Ana Sá Lopes, Público) 

Porque Sonho Não Morre ...



O sonho encheu a noite
Extravasou pro meu dia
Encheu minha vida
E é dele que eu vou viver
Porque sonho não morre.

(Adélia Prado)

sábado, 22 de janeiro de 2022

Notícias Ao Fim Da Tarde

A Regionalização É Em Portugal O Maior Embuste Político Que Se Possa Imaginar

 A Regionalização é um biombo que esconde alguma coisa. É um disfarce que mascara. É um pretexto para adiamento. É uma desculpa para a incapacidade dos partidos. É um engodo para aliciar incautos. É uma falsa descentralização. É uma democracia ilusória. É uma tentativa deliberada de diminuir as actuais instituições, o poder local e a identidade nacional, a favor de duas novas entidades, a região administrativa e a federação europeia. A União Europeia procura ultrapassar os Estados nacionais, assim como os poderes locais, em favor dos poderes regionais, com menos força política.

Com as possíveis excepções dos Açores e da Madeira, não há verdadeira identidade em região alguma do país. Não há pressão social a reclamar. Não há reivindicação popular promovendo esta reforma do Estado. Não há instituições regionais sólidas que dêem força à regionalização. Não há tradição histórica regional. (...)

Com eventual excepção das regiões metropolitanas de Lisboa e do Porto, que para nada necessitam de Regionalização, as regiões do interior e do resto do país não têm força própria nem recursos para assumir um papel relevante de desenvolvimento.

A Regionalização é, em Portugal, nos tempos actuais, o maior embuste político que se possa imaginar. (ler aqui o texto completo)

(António Barreto, Público)