Pois bem, o que esta madrugada nos mostrou – tal como o referendo do Brexit – é que os eleitorados estão dispostos a aproveitar as eleições como armas de sentido contrário, de protesto contra o sistema, contra a globalização, contra a abertura ao exterior, contra tudo o que vem de fora, contra imigrantes ou outros credos, juntando em movimentos ou ao redor de um candidato imensas multidões de descontentes e saudosos de tempos aparentemente mais prósperos. Nada disto é novo nas democracias ocidentais e sempre esteve presente em movimentos que, mais à esquerda ou mais à direita, corporizavam todos estes sentimentos. Mas 2016 marca a entrada em força desta tendência no centro eleitoral, apagando todas as fronteiras ideológicas e encurtando as distâncias entre os extremos. O que é o extremo no Brexit? O que é o extremo no eleitor médio de Donald Trump? Ou nos eleitores que se preparam para votar contra no referendo constitucional italiano? Provavelmente será o mesmo “extremo” que se juntará em torno de Marine Le Pen nas presidenciais francesas contra a fraqueza económica da França e o peso do Islão no país. Ou os que vão votar sem vergonha no primeiro partido alemão de extrema-direita com sucesso desde 1945 nas eleições do próximo ano.
Fonte: Ricardo Costa, Expresso
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Cheira-me a pólvora
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