Perante esta conjugação de factos, poderíamos pensar que a sociedade portuguesa está em plena convulsão. Estagnada, sem grande horizonte de crescimento, obrigada a suportar agora uma enorme carga fiscal para salvar a banca sem nenhum aparente apuramento de responsabilidades (insisto, contabilidade provisória). Ora, precisamente o que surpreende é a total passividade da sociedade portuguesa.
Politicamente, os sinais de descontentamento são muito ténues. Não há partidos novos, não há movimentos políticos novos, os protagonistas são os mesmos há várias décadas. Sim, a abstenção eleitoral (mais votos brancos e nulos) vai subindo, aproximando-se dos 50% em eleições legislativas, mas sem consequências relevantes. Nas eleições autárquicas, assistimos a uma proliferação de candidaturas independentes e a uma crise dos aparelhos partidários (mais PSD do que PS), mas trata-se, em geral, de confrontos entre atuais e antigos poderes locais.
Nas eleições presidenciais, Paulo Morais, com o seu discurso anticorrupção, apenas conseguiu cem mil votos, mas também é verdade que Marcelo ganhou com um programa fundamentalmente antipartidos (apesar da sua conhecida ligação, quer ao PSD quer ao mundo financeiro). Já socialmente, apenas assistimos a protestos de café e sofá. Em resumo, a sociedade portuguesa parece estar razoavelmente tranquila a apaziguada com os factos acima enumerados.
Existem várias teses para explicar esta passividade .(continuar a ler)
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