O Centro de Ciências do Mar (CCMAR) da Universidade do Algarve descobriram no estuário
do rio Guadiana exemplares de caranguejo-azul, uma espécie com alto valor comercial
característica da América do Norte, foi esta quinta-feira divulgado.A espécie
(Callinectes sapidus), também conhecida como "siri" e considerada uma iguaria, é nativa
da costa leste da América e foi encontrada pela primeira vez no Guadiana, a mais
de sete mil quilómetros de distância do habitat original, em junho, o que surpreendeu os
pescadores locais, revelou o CCMAR em comunicado. Segundo o centro de investigação, há
registo de outros exemplares da mesma espécie capturados anteriormente no estuário do
Sado, o que indicia que "estará numa fase de expansão na nossa costa, depois de
provavelmente ter navegado, enquanto larva, nas águas de lastro de um navio que cruzou
o Atlântico. O aparecimento de espécies invasoras no estuário do Guadiana tem vindo a
aumentar nos últimos anos, com mais de uma dezena de espécies registadas, incluindo
peixes, amêijoas, alforrecas, camarões, e mais recentemente este caranguejo, "o que pode
ter consequências nefastas" para as espécies nativas, alerta o comunicado do CCMAR.
No entanto, as espécies invasoras com valor comercial, como é o caso do caranguejo azul
ou da corvinata real (Cynoscion regalis), registada no ano anterior, "podem ser um exemplo
de como uma ameaça se pode transformar numa oportunidade de exploração", refere o
CCMAR. Face à inexistência de predadores naturais destas espécies invasoras, "a sua pesca
contribuirá para o controlo da sua densidade", aliviando a pressão de exploração dos
recursos pesqueiros tradicionais, como a sardinha, acrescenta."Novas alternativas de
consumo deste tipo de espécies estão também a ser estudadas com chefs de restaurantes
algarvios", conclui o CCMAR, sublinhando que os seus investigadores estão disponíveis para
desenvolver "parcerias tecnológicas e científicas com qualquer setor da indústria pesqueira.
Fonte DN
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