De: Pedro Tadeu (DN) |
Gostaria, portanto, de perguntar ao primeiro-ministro, depois de colocar nos dois pratos da balança a reparação de uma pequena parte dos 279 quilómetros totais do percurso do IP3, precisamente a zona que não é autoestrada (e continuará a não ser) e, no outro prato da balança, os aumentos salariais reivindicados por cenetanas de milhares de trabalhadores, o que acha se nessa balança colocássemos outros ingredientes? Dou só três exemplos:
1 - O custo anual de 400 a 600 milhões de euros com a contagem total de tempo de carreira dos professores num prato e, no outro prato, o gasto de 768 milhões de euros, no último ano, mais mil milhões de euros a gastar pelo Estado este ano (e não se sabe o que se segue daí para a frente) com bancos falidos.
2 - O perda pelo Estado de 700 milhões de euros na arbitragem de conflitos com a Parcerias Público-Privadas num lado com a recusa ou adiamento das obras que tornem decente o hospital pediátrico de São João no outro lado dessa balança.
3 - O aumento da dívida do Estado que, ao contrário das promessas, subiu para um recorde de 250,3 mil milhões de euros comparado com a falta de equipamentos de proteção e combate aos fogos florestais também anteriormente prometidos a bombeiros e militares.
É demagógico fazer estas comparações? Talvez, mas estão ao mesmo nível das comparações que o primeiro-ministro fez ao cortar as fitas das obras do Itinerário Principal 3.
António Costa, no entanto, tem razão numa coisa: governar um orçamento do Estado é fazer escolhas, é decidir onde se pode ou não gastar o dinheiro dos contribuintes.
Infelizmente, pelo que tem dito e feito nos últimos tempos, António Costa optou pela banalidade e faz o mesmo tipo de escolhas de outros senhores de outros tempos, que consumiram imensos recursos do Estado numa visão desfocada do bem comum. Vi isso nos tempos de Sócrates. Vi isso nos tempos da troika. Vi isso nos tempos de Vítor Gaspar. Vi isso nos tempos de Maria de Lurdes Albuquerque. Vi isso nos tempos de Pedro Passos Coelho. Oiço agora isso das bocas de Mário Centeno e de António Costa. É uma tradição.
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