O Conde de Armand, foi proprietário da Comenda e alí passava alguns meses afastado da buliçosa Paris.
Um amigo setubalense descrevia-o deste modo : “De chapéu de grandes abas, uma vara na mão e botas altas é assim que encontramos o sr. Conde, fidalgo de primorosa educação, percorrendo esta sua propriedade, que ele ama. Considero-o um artista-filósofo. Nas horas de calor, enquanto descansa, tira da algibeira o seu Virgílio e assim se deleita sub tegmine fagi, imaginando ter diante de si, quando ergue o olhar do livro, as verdadeiras paisagens que acaba de ver tracejadas naquelas églogas”. E não é sem uma ponta de ironia que o texto termina: “Do sr. Conde de Armand direi ainda de minha lavra: foi uma homenagem que prestou à classe dos arquitectos portugueses, confiando a um deles a dispendiosa edificação da sua nova casa da Comenda. Suspeito que não terá de arrepender-se. Algum português talvez haja que, no seu caso, tivesse mandado vir… arquitecto francês”.
O Conde Armand, Abel Henri George, faleceu no final de Abril de 1919, passando a propriedade para os herdeiros – a esposa, Condessa de Armand, Françoise de Brantes, e cinco filhos.
Conta-se que o Conde Armand pedira a Raul Lino (1879-1974) para desenhar a casa, convite acompanhado de uma sugestão singular: que, antes de começar a projectar a construção, o arquitecto dormisse no sítio uma noite ao luar. O repto foi aceite e o resultado foi o palacete da Comenda, que teve a responsabilidade da construção civil nas mãos de Augusto Vitorino da Rosa.
O Conde Armand, Abel Henri George, faleceu no final de Abril de 1919, passando a propriedade para os herdeiros – a esposa, Condessa de Armand, Françoise de Brantes, e cinco filhos.
Mais tarde, em 1952, o registo da propriedade era feito em nome da Sociedade Agrícola da Quinta da Comenda de Mouguelas, constituída pelos descendentes de Abel George.
Nos anos 80, a Quinta da Comenda seria adquirida por António Xavier de Lima, que, em conversa com o jornal O Setubalense, publicada na edição de 17 de Abril de 1989, dizia: “Enquanto a Comenda for minha, nenhuma árvore será derrubada”.
Com efeito, uma das apostas levadas a cabo pelo Conde Armand no início do século XX foi o da riqueza da flora, quer pela preservação das espécies existentes, quer pela plantação de outras.
1 comentário:
Acho interessante esta imagem da Quinta da Comenda. O Conde Armand era uma pessoa de interesse singular ao ir na sugestão de outrem. Ainda bem que o Xavier de Lima prometeu que enquanto a Quinta fosse dele nenhuma árvore seria cortada
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