quarta-feira, 10 de novembro de 2010

A Linha De Fogo E A Realidade


Vamos ser de novo realistas, perante a avalanche dos mercados e os alarmes na cotação dos juros da dívida pública, o primeiro-ministro não vacila. Uma conclusão da crise financeira diz-nos que Sócrates tem nervos de aço ou então é portador de um optimismo patológico. O sentido da resolução da crise vai dissolver todas as dúvidas. Entretanto, o Governo não precisa de qualquer remodelação porque Sócrates nunca se engana e raramente tem dúvidas. Eis dois atributos de um homem infalível e providencial. E no psicodrama do deficit, o FMI é a doença psiquiátrica do país.


Na linha de fogo da política à portuguesa, a realidade conta uma história bem diferente.
O PSD de Passos Coelho pratica uma política extrovertida e ao sabor da brisa leve de um comício. Com a ideia de criminalizar as derrapagens financeiras, Passos Coelho promete o cárcere a toda a classe política dos últimos trinta anos. Extravagâncias que passam por originais ideias políticas. 
Nas Presidenciais, Cavaco Silva adopta a simplicidade do Twitter e multiplica-se em visitas de Presidente e comentários de candidato. Nem sempre é fácil distinguir quem é quem neste jogo de espelhos. Em plena campanha, Manuel Alegre apoia a greve geral, defende o Governo e queixa-se de um PS que o abandona à selva das feiras de Portugal.
Só a demagogia míope de Louçã lucra com a cadavérica candidatura de Alegre, o poeta da aldeia. Mas todos os candidatos confundem Presidenciais com tiro ao figurino Cavaco e afundam-se na irrelevância e no ridículo.

Fonte: Carlos Marques, JE

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