Este Governo tem-nos servido a austeridade às postas, sempre bem regadas com impostos, garantindo que cada uma é a última. Acontece que depois de cada dose vem outra pior que a anterior. E não se vislumbra uma estratégia, um plano por detrás dos cortes.
Não digo que os cortes não sejam necessários, longe disso, mas fazem-me lembrar aquelas dietas iô-iô, que fazem sofrer mas não resolvem nada. Ultrapassado o sufoco, os salários e pensões voltarão a subir por pressão política e voltará tudo à casa da partida.
Claro que a austeridade é incontornável. Mas já que temos de emagrecer que se corte na gordura e não no músculo. Para isso o próximo governo tem de fazer uma radiografia completa do Estado, para perceber onde se gasta o dinheiro. Depois é necessário redefinir as funções do Estado, tarefa várias vezes iniciada mas nunca terminada.
O mesmo exercício tem de ser feito com o sector público empresarial: é necessário saber o serviço público concreto prestado por cada empresa, identificando as que só servem para consumir recursos e alimentar clientelas.
Enquanto não fizermos isto estamos a perder tempo. Os cortes propostos são dolorosos, mas não resolvem nada se não forem acompanhados de reformas corajosas e não meras intenções ou teatros para alemão ver.
Paulo Lopes,Económico
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