O governo pensou em como isto desmobiliza e frustra os que já estavam a estudar a sério? Para as empresas que montaram negócios a pensar nos exames - explicadores, coletâneas de testes, etc. - é mais uma prova da monumental confusão reinante.
O ministro Tiago Brandão Rodrigues fica profundamente marcado por esta enorme precipitação. Tudo o que ele fizer daqui para a frente será olhado com desconfiança. Tornou-se, portanto, o elo político mais fraco quando ainda não estão cumpridos sequer os primeiros 100 dias de governo. Vai precisar de babysitting, muito babysitting, o que é um mau começo numa área tão relevante.
Não se entende como o PS, que tantas vezes criticou Passos Coelho por se dobrar aos estudos do FMI, tenha sustentado uma decisão desta magnitude recorrendo infantilmente... aos estudos da OCDE. Bem prega Frei Tomás. Dizer que os exames são inúteis é outro disparate, até porque o efeito na nota de fim de ano é (era) marginal. Dizer que as crianças sofrem com a pressão é outra asneira. Para que servem os pais se não for também para ajudar as crianças a lidar com os obstáculos? É verdade que Nuno Crato pôs demasiada ênfase nos chumbos, hiperdramatizando os exames para mostrar músculo e exibir ideologia à lapela.
Claramente, a escola é muito mais do que isso. Mas estarmos ainda hoje a discutir a avaliação nestes termos tão rudimentares - exames, sim ou não? - é sinal de que as nossas dificuldades como país não são fortuitas, são autoinfligidas, são uma tragédia cultural.
Excertos do artigo 'Babysitting', Editorial do DN
Este construir e destruir do SE , sem objectivos credíveis e ao sabor de cada governo, compromete o bom funcionamento da instituição, desestabiliza o comportamento de toda a população escolar e não serve a cultura do país.
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