Segundo Catarina Martins, o BE não enviou um representante ao congresso do MPLA por "não pactuar com ditaduras".
É preciso lata, mas também é preciso uma audiência particularmente anestesiada. Catarina, a Pequena, poderia justificar a ausência do partido dela em Luanda com o clima, o transtorno das viagens ou a aversão a mandioca: com a ditadura angolana é que não.
Até é ridículo ter de lembrar a simpatia apaixonada do BE pela ditadura palestiniana, ou a simpatia assumida do BE pela ditadura venezuelana, ou a simpatia mal disfarçada do BE pela ditadura cubana, ou ainda, se espreitarmos o respectivo site, a guarida que o BE oferece a sumidades sortidas, especialistas na veneração de totalitarismos sortidos.
E é confrangedor ter de lembrar tudo o que os senhores (e senhoras) do BE já disseram, escreveram e pensaram sobre por exemplo os regimes americano, alemão, britânico, israelita, espanhol e português, este no tempo em que por cá governavam os partidos vencedores de eleições.
Pensando melhor, e não é necessário pensar muito, o BE só pactua com ditaduras. O problema do BE, e da extrema-esquerda em geral, é exactamente com as democracias, conceito absurdo que deixa aos cidadãos a possibilidade de escolherem o oposto da miséria com que o BE sonha.
O caso de Angola é uma excepção "estratégica", e embora se trate de uma evidente autocracia é capaz de possuir residuais virtudes que me escapavam antes do alerta do BE. Vou ver. Quanto ao resto, prefiro tapar os olhos: é chato sermos burlados por vigaristas, e humilhante sermos burlados por vigaristas sem talento.
Fonte: Alberto Gonçalves, O BE não pactua é com democracias, DN
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