... Da Democracia Portuguesa, O Partido Do Regime Ou O Partido Charneira, Designações Que Fizeram História.
Foi por causa desse sonho que os socialistas inventaram a moção de censura construtiva, uma bizantinice jurídica que obriga a que só possa derrubar o governo quem tenha uma maioria pronta.
Foi por causa desse sonho que os socialistas perderam vários governos e momentos históricos.
Estamos a chegar lentamente a uma fase parecida. Enquanto o PS puder contar com a extrema-esquerda, vai governando. O pior é que a extrema-esquerda também já percebeu. E, depois de ser muleta, não está pronta a suicidar-se.
Foi por causa deste estilo de governo, com a mão esquerda de manhã e a direita à tarde, que os governos socialistas de Soares, de Guterres e de Sócrates caíram em seu tempo.
O PS tem de facto várias identidades. Com dificuldade em assumir a sua própria síntese (poderia ser a social-democracia de países mais desenvolvidos), sensível à mitologia revolucionária e à ilusão estatal, muda de roupa com facilidade. A liberdade, o pluralismo, o mercado e a iniciativa privada levam-no a fazer políticas consideradas de direita. A igualdade, o Estado social, o dirigismo e a empresa pública conduzem-no para a esquerda. Quando não há síntese superior, fica este verso e reverso de oportunidade.
Até há pouco, a extrema-esquerda não entrava na equação do governo. Verdade. Mas recorde-se que esta exclusão tinha sido ditada pelo PS. Agora, depois de acusar os "outros" da sua autoria, o PS decidiu incluí-la na área do governo. Nada pareceu muito complicado, para um partido que já se disse "partido marxista" e condenou a social-democracia, que chegou a designar como "antecâmara do nazismo"!
Excertos do artigo 'Um governo alterno' de António Barreto, no DN
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