[Durante os trinta anos em que influenciou o país, nunca me inspirou particular simpatia ou antipatia, e frequentemente dei por mim a tentar escolher se lhe preferia as óbvias virtudes ou se me repeliam as diversas limitações. Há dias, porém, Cavaco falou e não evitei certa saudade.]
«Não é saudade do homem. É saudade de alguém, ou de alguma coisa, que não pertença à desgraceira que hoje temos, por ironia e fraqueza consagrada no final da presidência anterior. E o principal mérito de Cavaco consistiu justamente em não “pertencer” – embora pertencesse mais do que ele gostaria e do que os seus devotos julgam. Não sendo o herói imaculado que estes imaginam, a comparação de Cavaco com os destroços vigentes eleva-o ao céu.»
Alberto Gonçalves, 'O tempo sem Cavaco' OBSR
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