O estado arroga-se, principalmente no fisco, a utilização de processos absolutamente invasivos da privacidade, sem ninguém mexer uma palha, enquanto, como todos sabemos, não vê os offshores que lhe passam à frente.
Quem tiver acesso a um portal das finanças e consulte as facturas lá registadas, pode saber tudo sobre a vida de qualquer cidadão, muito para além da luta contra a evasão fiscal. Por que razão mesmo medidas timoratas como as que foram propostas de passar factura sem identificar os produtos, mas apenas a sua categoria para efeitos fiscais (em vez do livro A ou B, a indicação de Produto categoria A), não foram aceites? O que há hoje no Portugal democrático mais próximo de um estado totalitário é o comportamento da Autoridade Tributária, mas, como a cultura de privacidade nunca foi muito forte entre nós, tudo se consente ao estado em nome de uma suposta eficácia e necessidade.
Se somarmos a isso, todos os devices electrónicos que aceitamos usar quando clicamos na “aceitação das condições” e que implicam a criação de perfis comercializáveis, indicações de localização, por aí adiante, a que se somam as câmaras de vigilância em locais públicos, os contadores electrónicos de consumo que permitem a cada momento saber se está alguém em casa, ou não, a lista é infindável e muito preocupante.
Já estivemos mais longe de usar chips no corpo como os cães.
Excertos do artigo de José Pacheco Pereira, hoje no Público
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