quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

A Bússola E O Norte


O Norte, que é? Acaso sabê-lo-á
a agulha que se vira para lá?

Que simpático rumo é o rumo dela?
Por que ama, assim constante, aquela estrela?

E para além da estrela, para além…,
quantas ainda a nortearão também?

Não o sabe, decerto, a agulha: e indica
uma coisa que sente, e que lá fica…

Assim em nós, recôndita, a indicar,
é a alma uma agulha de marear.

Não sabe, como a outra, o rumo incerto
que, todavia, marca, largo e aberto.

E, como a ela, a simpatia funda
para além nos conduz e nos afunda.

A agulha diz que lá – onde?, – brilha
um ponto, uma atração de maravilha.

A alma, como a agulha a nortear-se,
de si mesma se aparta e em si se ajunta,
para fixar-se, para perguntar-se…

A nossa vida toda, é uma pergunta.

(Afonso Lopes Vieira)

 Nos versos , a agulha que aponta
para o Norte corresponde a antahkarana, a ponte
entre eu superior e eu inferior, sempre voltada para o
Norte que é a evolução a caminho do mundo divino.
A estrela corresponde a Atma. Mas cabe perguntar-se
sempre a esse respeito, porque a verdadeira resposta, o
conhecimento direto, ocorre além do pensamento. O
ensinamento transmitido através de palavras pode apenas
apontar para a sabedoria, como a bússola aponta para o
Norte. O perguntar-se abre o caminho para a percepção.
 (Carlos Cardoso Aveline)


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