... Reduzir o Estado a controle, empregos, e favores para amigos, e cortar o resto sem piedade.
Há três dias, a Comissão Europeia revelou que o excedente grego, afinal, foi de 4,2. Contando com os juros da dívida, teria sido de 0,7% do PIB, depois de um défice de 5,9% no ano anterior. Enfim, se Centeno é genial, então Tsakalotos é divino. Se Centeno é bom para presidir ao Eurogrupo, então Tsakalotos devia presidir ao G20. Abençoados países, que tais filhos têm.
Como se fazem milagres destes? É simples: entre 2015 e 2016, o governo do Syriza cortou a despesa pública brutalmente, como nunca a direita se teria atrevido, de 95,2 mil milhões de euros para 86,1.
O truque é reduzir o Estado ao que importa para manter o poder – empregos, favores para amigos, controle sobre as actividades — e cortar tudo o mais sem piedade. Em Portugal, António Costa contou com o auxílio do PCP e do BE para chegar ao mais baixo nível de investimento público desde 1960, numa espécie de exercício extremo de economia anti-keynesiana. Isto só será surpresa para quem acreditou mesmo que os comunistas têm objecções de princípio contra a “austeridade”. Os comunistas só têm objecções contra a austeridade na oposição. Quando no poder, como na Europa de leste antes de 1989, recorreram sempre à austeridade, até com a assistência do FMI (o FMI só era mau em Portugal, na Roménia de Ceausescu ou na Polónia de Jaruzelski era excelente). O que nunca fizeram foi aumentar a liberdade de iniciativa dos cidadãos perante o Estado. Tal como Tsipras nunca fará na Grécia, ou Costa, sustentado pelo PCP e pelo BE, em Portugal.
(excertos do artigo de Rui Ramos no OBSR)
Sem comentários:
Enviar um comentário