segunda-feira, 17 de março de 2025

A Frase (71)

O país está triste. Os portugueses exibem um alto grau de desilusão. O país permanece indiferente. Os portugueses continuam a viver a política com a compostura dos figurantes. ...) Os automatismos da democracia portuguesa têm muitas denominações – incompetência, demissão, corrupção, indecência, moções várias, oportunismos políticos de conveniência. O que não há em Portugal são escândalos sexuais – país dos bons costumes, país dos puritanos, país dos mais superiores hipócritas.    (Carlos Marques de Almeida, ECO) 

Com o país parado, a democracia portuguesa está preocupada com uma cerimónia de auto-celebração que não celebra o presente nem o futuro. Depois desta dissolução, este 25 de Abril será sempre o confronto entre vencedores e vencidos no país onde todos perdem. Que o 25 de Abril seja uma data para reflexão do estado do regime. Fazem uma revolução para votar e de tanto votar ainda ninguém consegue responder para onde vai Portugal?

Nova desilusão em que o país não tem direito nem à Moção nem à Comissão. Opera-se um curto-circuito político e vamos directos para eleições antecipadas. Novamente é a inércia automática da política nacional. Uma política nacional que é comandada por mecanismos premonitórios de prevenção de desastres. 

Mas os portugueses não conseguem perceber se o desastre é a interrupção da governação ou se o desastre é a antecipação das eleições. Percebe-se que há um qualquer desastre político que subitamente ganha vida própria e impõe o destino da nação. (...)

O desastre do debate da Moção de Confiança é uma caricatura da política. Primeiro, porque a política se recusa a comparecer. Depois, porque entre discursos, propostas, posturas, surgem os vícios de um jogo revolucionário em que o objectivo é boicotar qualquer esforço sério para discutir política. O debate traz à superfície o pior que a pseudo-política tem e que pode ser denominado por gangsterismo parlamentar. (...)

Conclusão – o PS ganha e o PSD perde. Conclusão – o PS perde e o PSD ganha. A decisão fica ao critério de quem tem um critério. O Presidente da República que tem um critério declara a sua derrota política e convoca eleições antecipadas. De tanto falar o Presidente ficou sem palavras e o país sem Presidente. Vai ser um fim de mandato entre a circulação política periférica e o circuito penoso das circunstâncias. (ler texto na íntergra)

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