Estava um dia esplêndido e luminoso . Uma ostra abriu a sua concha e dispôs-se a desfrutar placidamente dos raios de Sol . Passou por lá um grou e lançou o seu afiado bico contra a carne da ostra para comê-la . Ao sentir a bicada , automaticamente , a ostra fechou as valvas , retendo entre elas o bico da ave . Então aconteceu que nem a ostra conseguia fechar totalmente a sua concha , nem o grou podia retirar o bico . Ambos presos . E assim como o grou não queria soltar a sua presa , a ostra também não fazia tentações de soltar o seu agressor . Então , começaram a discutir e grou disse :
-Se não me soltas , já sabes o que te espera . Vais morrer por falta de água .
-E tu morrerás de fome - replicou a ostra .
Durante muitas horas , a ostra e o grou continuaram a discutir sem que nenhum cedesse às razões do outro . A dada altura , passou por eles um pescador que assistiu à acalorada discussão entre os dois animais . Sem poder evitá-lo , começou a rir às gargalhadas . Depois , meteu a ostra e o grou na trouxa , levou -os para casa e pô-los ao lume para cozinhar , enquanto eles , sem dar conta do que havia sucedido , continuavam a discutir aos gritos .
Nada de bom pode advir do conflito acalorado . Nada belo pode florescer da obstinação e da tensão . Há que saber ser flexível e encontrar pontos de acordo e equilíbrio .
Leitura deste conto ACONSELHADA a Pacheco Pereira , aos Simpatizantes de Passos Coelho e a Marcelo Rebelo de Sousa
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