sexta-feira, 17 de abril de 2009

O Descrédito Em Que Caiu o Sistema Educativo


O debate sobre a Educação realizado no fórum Portugal de Verdade promovido ontem pelo PSD em Aveiro serviu para demonstrar "o descrédito em que caiu o sistema educativo", considerou hoje a líder do partido, Manuela Ferreira Leite.

Ao longo de várias horas, José Manuel Canavarro, Natividade Correia e Nuno Crato expuseram as suas ideias e muitas críticas ao estado da Educação, dando ainda respostas a questões apresentadas pela Internet e pelo público, numa sessão moderada por Marcelo Rebelo de Sousa.

As posições mais radicais foram assumidas por Nuno Crato, que chegou a propor "acabar com o Ministério da Educação e constituir um Ministério pela Educação que faça meia dúzia de coisas simples".

A gestão do parque escolar, das carreiras e dos salários e a encomenda a uma entidade externa dos exames devem fazer parte das atribuições. Quanto ao resto "deixe as escolas funcionarem".

"Deve-se fazer um Ministério que tenha a Educação como objectivo e não como sua pertença; que seja mais ligeiro, que não aborreça os professores com coisas secundárias e que faça o que há muitos anos não tem coragem de fazer: traçar metas e avaliar os resultados", concluiu.

Nuno Crato acusou o governo de instituir "comissários políticos para controlar os manuais escolares, com base em doutrinas pedagógicas ultrapassadas" e reclamou "seriedade na avaliação dos alunos".

"O que tem existido em Portugal é a ausência de exames. Ao longo dos nove anos de ensino obrigatório, das 30 ou 40 disciplinas, quantas são avaliadas? Português e Matemática. E quanto vale a avaliação dos exames? 30 por cento. Perante isto mais vale dizer que não há exames", comentou.

Para aquele orador, "é preciso que haja mais exames e que sejam fiáveis, pois ninguém acredita que em dois anos é possível passar de média de Matemática de oito para 14".

"Os exames devem sair do Ministério da Educação, criando um gabinete de avaliação independente, até porque temos vindo a assistir a algo sem procedentes que é a utilização da avaliação como arma política", concluiu.

Natividade Correia defendeu também maior exigência na avaliação das aprendizagens e exemplificou: "30 por cento da nota é dado com base no ´saber ser e saber estar´. 

A duração das aulas de 90 minutos foi outro dos aspectos que criticou, preconizando que 60 minutos é a duração ideal, excepto para as disciplinas de carácter laboratorial.

José Manuel Canavarro, ex-secretário de Estado adjunto e da Administração Educativa, deixou, entre outras ideias, a de descentralizar a gestão da educação, com uma intervenção mais forte das autarquias, e a de criar um currículo nacional, tendo a Matemática, Língua Portuguesa, História, Geografia, Inglês e as Ciências como matrizes mais importantes.

(Público online)

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