Muitas capitais brasileiras são “tipicamente portuguesas” na sua forma arquitectónica.
“O Brasil tem uma tipologia de cidade portuguesa: uma baía e zonas altas como acontece tanto em Goa, na Índia, como na Baía de Todos os Santos em Salvador da Bahia, ou Luanda, em Angola. Temos o mesmo sentido”, disse Hélder Carita, que se dedica ao estudo da arquitectura e da evolução do seu conceito de espaço ao longo dos séculos.
Segundo disse à Lusa, as cidades fundadas por portugueses têm “todas uma tipologia muito idêntica, são cidades de porto e abertas ao comércio”. Este é o método de “fazer à portuguesa”, explica Carita, ao referir a herança lusa na construção dos espaços públicos e privados que leva a que, ao visitar cidades como Ouro Preto, em Minas Gerais, por exemplo, exista a sensação de estar em Lisboa. “As cidades reais, tanto em Salvador, como no Rio de Janeiro, Luanda ou Goa, são capitais que reproduzem a tipologia e organização de Lisboa e são grandes cidades porto”.
“Se chegarmos a Bahia ou a Minas Gerais, estamos em Portugal. Temos uma sensação de familiaridade. São sistemas que não impõem modelos fixos, mas que são sistemas de métodos construtivos”, ressalta.
Numa comparação histórica com os espanhóis, estes, segundo Carita, “eram mais rígidos, as suas cidades [são] todas iguais, enquanto que as nossas são mais flexíveis, mais diversas e sensoriais”, admite. As cidades de tipo português “são sempre para ver e serem vistas, são cidades cenográficas”.
Fonte: Helder Carita,Público
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