... Os físicos pareciam não acreditar nos seus instrumentos, quando constataram que neutrinos - partículas elementares da matéria - superaram a velocidade da luz, limite considerado até agora "insuperável" segundo a teoria da relatividade de Albert Einstein.
Segundo medições efectuadas por especialistas da experiência internacional Opera, os neutrinos percorreram os 730 km que separam as instalações do Centro Europeu de Pesquisa Nuclear (Cern), em Genebra, do laboratório subterrâneo de Gran Sasso (centro da Itália) a uma velocidade de 300.006 km/segundo, portanto 6 km/s a mais do que a velocidade da luz
Se esta medição for confirmada, suas implicações desafiam a própria compreensão.
Para Pierre Binetruy, director do Laboratório de Astropartículas e Cosmologia de Paris, isto poderia significar que "as partículas encontraram um atalho em outra dimensão" e, portanto, que existiria no universo mais que quatro dimensões (as três dimensões no espaço às quais se soma a do tempo).
"Pode significar também que a velocidade da luz não é a velocidade limite", afirmou, destacando que o recorde batido pelo neutrino não significa necessariamente "que Einstein se enganou".
"Einstein não provou que Newton não tinha razão, ele encontrou uma teoria mais geral" que se sobrepôs à de Newton, argumentou Stavros Katsanevas, director adjunto do Instituto de Física Nuclear francês.
A descoberta do Opera pode significar que a teoria de Einstein "é válida em certos domínios, mas que existe uma teoria ainda mais global; como as bonecas russas (...) ela abre novos campos", acrescentou Binetruy.
Embora tenham celebrado as novas perspectivas que se abrem, os físicos pedem muita "prudência", pois as medições não foram "verificadas com um sistema completamente diferente", insistiu Dario Autiero
Fonte: AFP
A confirmação da existência de uma partícula mais rápida do que a luz pode abrir portas à hipótese de se poder “viajar no tempo”, defendeu o investigador português do Conselho Organização Europeia para a Investigação Nuclear (CERN). PúblicoGaspar Barreira lembra que, caso haja a confirmação da descoberta, esta vai “mexer com o princípio da causalidade” e até permitir a hipótese de se poder “andar para trás no tempo e condicionar no futuro uma ação do passado”.
Se tudo isto se confirmar podemos estar a começar uma nova viagem no desconhecido em que talvez possamos descobrir que há realmente mais vida para além do défice ou melhor dizendo apesar do défice.
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