terça-feira, 29 de outubro de 2013

Uma Ânsia Cruel De Liberdade


Vozes do mar, das árvores, do vento! 
Quando às vezes, n'um sonho doloroso, 
Me embala o vosso canto poderoso, 
Eu julgo igual ao meu vosso tormento... 

Verbo crepuscular e íntimo alento 
Das cousas mudas; psalmo misterioso; 
Não serás tu, queixume vaporoso, 
O suspiro do mundo e o seu lamento? 

Um espírito habita a imensidade: 
Uma ânsia cruel de liberdade 
Agita e abala as formas fugitivas. 

E eu compreendo a vossa língua estranha, 
Vozes do mar, da selva, da montanha... 
Almas irmãs da minha, almas cativas! 

Antero de Quental 

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