Desalento com o futuro
Segundo uma avaliação de especialistas em cultura, o século 21 não está familiarizado com utopias sociais positivas, seja na literatura, nas artes ou na política.
Seja como fontes de inspiração, seja como sonhos de um mundo melhor, essas visões de futuro permearam vários séculos anteriores.
"Em vez disso, os desafios do futuro, tais como as alterações climáticas e a digitalização são frequentemente descritos em uma linguagem apocalíptica e retoricamente vinculada ao fim do mundo," defende o Dr. Christian Sieg, da Universidade de Munster (Alemanha).
"À luz das crises económicas, guerras e desastres ambientais, há décadas temos olhado para o futuro com cepticismo," completa ele.
Com isto, existem muito poucas visões positivas do futuro: "Hoje, praticamente ninguém compra a visão das narrativas utópicas do século passado, como o socialismo ou a crença no progresso pela tecnologia."
De acordo com Christian Sieg, "a globalização colocou todo o mundo tão junto que hoje é difícil continuar imaginando um lugar desconhecido, uma 'Utopia', como um modelo para um futuro ideal".
"Na melhor das hipóteses, os desejos estão associados a colonizar Marte. Nós já não nos atrevemos a imaginar utopias universais. A ideia de ser capaz de tornar as coisas completamente diferentes e melhores perdeu em plausibilidade, também devido ao nosso conhecimento histórico dos problemas na construção de sociedades ideais," acrescenta Sieg.
Entre o Apocalipse e a Utopia
O estudioso não está sozinho na sua avaliação. Ele está coordenando um evento que reunirá pesquisadores de várias procedências para discutir o tema "Visões do Futuro: entre o Apocalipse e a Utopia".
O objectivo é trocar ideias sobre esse desalento com o futuro e o advento dos chamados "apocalipses científicos", que anunciam que o resultado último das acções humanas sobre o planeta será uma espécie de fim do mundo sem juízo final.
As pessoas hoje estão a restringir a sua busca por melhores soluções para o futuro em subdomínios, tais como a protecção do ambiente ou os direitos humanos. Na melhor das hipóteses, as visões utópicas hoje são concebidas como contos de fadas, e filmes como "Avatar" tiram inspiração dessas estórias, defende Sieg.
Fonte:DS
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