Não se pode andar a dar lições sobre o aquecimento global, e depois não conseguir sequer dar uma impressão de previsão e de controle perante um fenómeno que se repete todos os anos, nas mesmas condições, como são os fogos florestais. É nestes casos que o vazio de liderança política em Portugal, disfarçado pelo preenchimento regular dos cargos, se torna óbvio. É também nestes casos que fica à mostra a fragilidade extrema do país artificial do optimismo e das boas notícias.
O fogo de Pedrógão-Grande pode ter tido as origens mais extraordinárias, mas ocorreu numa região, numa época do ano e num contexto meteorológico em que os incêndios florestais não são extraordinários. É difícil, por isso, não admitir a hipótese de ter havido uma falha da protecção civil. Não se previu o risco de incêndio florestal, não se pôs a população em alerta para a possibilidade do fogo, não se prepararam meios para uma eventualidade, e quando o incêndio rebentou, não se tomaram todas as providências, como, por exemplo, controlar a circulação automóvel. Ao contrário do que disse o Presidente da República, não parece ter-se feito tudo o que se pôde.
Rui Ramos, OBSR
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