O consumismo prende-nos à tristeza de não ter coisas que, em verdade, não prestam para nada, apresentando-se como solução para essa mesma inquietação. Muitos ainda são os que resistem, mais pela falta de recursos que os faz encontrar melhores alternativas, do que por convicção.
Os profetas, mais do que saber o futuro, são quem é capaz de dizer a verdade. Muitos são os que anunciam o fim dos tempos, mas sem que muita gente lhes dê crédito. Afinal, são pessoas estranhas que nos vêm estragar o sossego, despertando-nos o medo mais profundo: o de sermos confrontados connosco mesmos, tal como nos escolhemos. É mais confortável julgar que não somos assim tão responsáveis… é mais fácil negar a evidência de que o fim está mesmo próximo.
O mal é relativizado em função da distância, sendo tanto maior quanto mais próximo estiver de nós. Se, bem longe da nossa casa, dez milhões de seres humanos inocentes estiverem a sofrer de forma injusta por iniciativa de um tirano qualquer, sentimos que isso pouco ou nada nos diz respeito. Mas se nos doer um dente, então sim, já se trata de uma tragédia que revela quanto o mundo é condenável e injusto.
O pior dos males que vai destruindo o valor das nossas vidas é o egoísmo. Pior, um egoísmo colectivo em que todos se copiam uns aos outros.
O fim do mundo está próximo. Não só o do mundo de todos nós, mas o de cada um de nós.
A morte é um mal. Ninguém nasce para morrer. Mas morremos. Nascemos para viver e para ser felizes, mas há muitos que passam o tempo a arrastar-se entre medos e cinzas de sonhos que não foram capazes de cumprir.
Nunca como hoje estivemos tão perto do fim. Mas a razão exige que pensemos que este mundo não é o todo da existência. O amor vence a morte, quebra todas as barreiras – assim seja verdadeiro. O amor é a única passagem por cima do maior de todos os abismos, mas é uma ponte que tem de ser construída pelas nossas mãos.
O que é que está próximo?
De quem é que estou próximo?
Opinião de José Nunes Martins, RR
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