Quer isto dizer que, num futuro próximo, os deputados deverão votar o fim da atividade circense, pois podem concluir que os palhaços se sujeitam a humilhações desnecessárias, e que os trapezistas correm perigo de vida, o que não faz qualquer sentido. Talvez se safem os ilusionistas, desde que não usem truques que possam induzir as criancinhas em enganos.
O mundo está mesmo perigoso por causa destes ditadores de costumes que querem à força mudar hábitos e práticas aceites pela maioria da população.
Que se veja e fiscalize se os animais são maltratados, parece óbvio. Agora que se acabe com os números dos cavalos, zebras e até leões é inacreditável. Mas mais inacreditável é se a legislação se aplicar, por exemplo, aos zoomarines, onde os golfinhos e focas fazem as delícias das crianças e adultos.
E, ao que se sabe, nenhum circo digno ou um zoomarine de respeito tratam mal os seus animais. Por este andar, as forças policiais também perderão a companhia dos cães, já que os deputados que votaram ontem a proibição dos animais em atividades de diversão poderão concluir que os canídeos policiais sofrem de maus tratos.
Não terão outras preocupações mais prementes os ilustres representantes da nação? Na história da esquerda e direita, cabia aos primeiros lutar pelo slogan “é proibido proibir”. A direita, mais conservadora por natureza, adorava proibições, mas esse papel foi ocupado pela esquerda outrora libertária que não descansa enquanto não fizer o mundo à sua imagem: intolerante com tudo o que não concorda.
É a história da proibição de se fumar em locais públicos, alguns dos quais ao ar livre, embora aqui esquerda e direita estejam de acordo. É o caso do álcool em que jovens com 16 anos se podem casar mas não podem beber e por aí fora.
O mundo está mesmo a tornar-se perigoso com estes novos ditadores que antigamente se preocupavam com os pobres e que agora querem é ser os verdadeiros diáconos remédios.
Vitor Rainho, CM
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