O que faria se tivesse hoje uma casa disponível num bairro valorizado?
Conheço muito quem se queixe do estado do mercado imobiliário, quem diga que é hoje impossível encontrar casa para arrendar ou comprar a bom preço, quem grite "vem aí a bolha!". O mercado imobiliário está a mexer e isso deixa muita gente nervosa. Entende-se.
Muitas das casas que havia por aí, de donos descapitalizados e impossibilitados de as renovar, presos a rendas ridículas, que nem para pagar as despesas do prédio chegavam, ou agarrados a inquilinos protegidos por uma lei que durante décadas paralisou o mercado, estão finalmente a ganhar valor. Muitos prédios podres receberam a renovação de que já há muito precisavam e os senhorios, esses bandidos, em vez de as disponibilizarem por quaisquer 300 euros optaram por finalmente ganhar dinheiro com um bem que durante anos e anos apenas lhes deu prejuízo e chatice.
Apesar de haver ainda dificuldades e obstáculos - muitos deles decorrentes de meio século de leis obtusas que protegiam o arrendatário e tornavam impossível a vida do senhorio -, no último par de anos finalmente o mercado imobiliário começou a recuperar de anos de paralisação. É esta a verdade.
Em cidades como Lisboa e Porto os preços estão mais altos do que nunca, sim. É consequência natural da sua entrada no mapa mundial. E acredite que estão ainda a anos-luz de outras grandes cidades europeias, mesmo aqui ao lado.
Quanto mais leis protecionistas - apenas de alguns, claro; os donos das casas continuam a ser os maus da fita que, imagine-se, não querem alojar nos seus espaços quem não tem dinheiro para os pagar pelo que valem - forem criadas, mais haverá quem escolha não arrendar, quem opte por vender.
(excertos do artigo de Joana Petiz, hoje no DN)
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