Em nome dos cofres do Estado, os sucessivos executivos têm tomado medidas proibicionistas alegando que o fazem em nome da saúde da população. Como se todos nós fôssemos ignorantes que não sabem que o tabaco, o álcool, o sal ou o açúcar fazem mal. Levando esta filosofia ao extremo, e falta pouco, vão ser criados guardas de costumes que proibirão os ‘maluquinhos’ da ginástica de praticarem mais do que a recomendável; vão obrigar todos a dormir oito horas; a beber um só copo de vinho às refeições (isto, claro, para os maiores de 18); a só tomar banho de dois em dois dias, por causa dos malefícios para a pela – fica mais seca e propensa a alergias, segundo alguns especialistas – e por aí fora.
Nunca tanta coisa foi proibida e parece que todos os partidos estão de acordo. Por este andar, quem gosta de pão com sal, por exemplo, terá de começar a procurar padarias clandestinas que fujam ao poder inquisitório dos governantes. (...) Como se não tivéssemos a possibilidade de decidir se queremos ou não fumar, beber e comer produtos com açúcar ou sal. Não faltará muito para se banir o sal e o açúcar de todos os produtos, mandando, já agora, indústrias seculares à falência.
É isto que é profundamente irritante: os governantes quererem decidir por nós o que podemos ou não fazer. Não é preciso dar exemplos parvos emanados de Bruxelas que depois são seguidos pelos respetivos países e que se tornam num embuste terrível. Mas quem não se lembra das medidas obrigatórias para se vender fruta, quando a mesma para preencher os requisitos tinha de ser ‘carregada’ de produtos químicos? As maçãs e os peros que não tinham o aspeto ‘À La Bruxelas’ só podiam ser comercializados às escondidas. ou em feiras de agricultores.
Não estou a defender que não se façam grandes campanhas de sensibilização para os malefícios do consumo excessivo de álcool, açúcar e sal. O problema é outro: o Estado meter-se em tudo o que é a nossa vida. Onde irá acabar esta loucura da proibição?
(excertos do artigo de Vitor Rainho, SOL)
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