Aí, o PS testa a sua capacidade para obter uma maioria absoluta nas legislativas seguintes, o PSD avalia o potencial da nova liderança, o CDS volta a medir a popularidade de Assunção Cristas - e de Nuno Melo - e o PCP e o Bloco de Esquerda vão identificar se existem (ou não) estragos eleitorais pelo apoio dado desde 2015 ao Governo PS que possam vir a traduzir-se nas eleições nacionais.
Da última vez, as europeias ditaram a queda de António José Seguro - os 31% obtidos nas eleições foram considerados por António Costa uma vitória «poucochinha» e abriram alas para que Seguro viesse a abandonar o cargo de secretário-geral socialista nas primárias que acabaram por ser convocadas e deram a vitória a António Costa.
Uma resposta radical
Há cinco anos, o cabeça-de-lista ao Parlamento Europeu foi Francisco Assis, que neste momento continua a ser o principal rosto, entre os socialistas, na oposição à solução de Governo criada. Assis não continuará em Estrasburgo, ao que o SOL apurou. Aliás, foi o próprio que fez questão de o sugerir publicamente quando se despediu da Assembleia Municipal do Porto na sequência das últimas autárquicas:
«Considero encerrada a minha vida política autárquica. Não voltarei a ser candidato a nenhuma autarquia, seja em que circunstâncias for e, muito provavelmente, daqui a dois anos encerrarei a minha vida política», disse Assis, sinalizando o seu desejo de abandonar o Parlamento Europeu.
Francisco Assis antecipou-se, embora usando a fórmula radical de «encerramento da vida política», àquilo que poderia ser uma inevitabilidade. Poderia o PS ter como principal rosto da campanha eleitoral um adversário da ‘geringonça’ quando é, na realidade, a solução governativa que vai a votos nestas europeias? Dificilmente, consideram socialistas ouvidos pelo SOL.
Assis é muito jovem e um encerramento da vida política aos 50 anos costuma ser raro. A possibilidade de que volte a ser candidato à liderança socialista num futuro pós-Costa ainda é alimentado por alguns dos seus próximos.
Ao que o SOL apurou, poderá agora ser a hora de Ana Catarina Mendes, a secretária-geral adjunta do PS, se tornar a número 1 às Europeias. O PS apareceria, assim, com um dos seus pesos-pesados, e da íntima confiança do secretário-geral, nas próximas eleições. Será também um teste pessoal para Ana Catarina Mendes, que é, entre a geração mais jovem, um dos nomes apontados para um futuro pós-Costa. A ideia é do agrado da própria Ana Catarina Mendes.
A secretária-geral adjunta dos socialistas já tem alguma experiência nos corredores europeus: a 22 de janeiro foi reeleita vice-presidente da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa, na sua qualidade de presidente da delegação da Assembleia da República à Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa. Ana Catarina Mendes vai ocupar este cargo durante um ano, o que lhe permitirá chegar às eleições de 2018 com algum trabalho de casa.
A tensão com Carlos César
Carlos César está farto de ser líder parlamentar do PS. O facto já é do conhecimento geral, particularmente de toda a bancada parlamentar socialista que tem assistido ao enfado com que o presidente do PS e da bancada gere o trabalho diário. Ao que o SOL apurou junto de diversas fontes, o cansaço de Carlos César com o cargo já não só é público nos corredores parlamentares como é notório. (continuar a ler)
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