PCP e Verdes alinharam em novembro de 2015 com uma estratégia bem definida e traçada por Mário Centeno - a prioridade seria, como foi, o cumprimento dos compromissos europeus e o que sobrasse iria, como foi, para a reposição de rendimentos e não para a retoma sem travões do investimento público ou para a requalificação dos serviços públicos. Que isso seja agora motivo de ameaças mais ou menos veladas à estabilidade governativa é apenas sinal de que abriu a temporada da contestação e da luta pelas migalhas orçamentais que vão alimentando a lealdade da esquerda ao governo socialista. A época fecha a 15 de outubro e aposto que sem sobressaltos de maior.
Dito isto, o valor de que se tem falado - 0,4% do PIB, diferença entre os 1,1% de défice inscritos no OE em outubro e os 0,7% previstos no Programa de Estabilidade, cerca de 800 milhões de euros - daria para umas quantas unidades de pediatria no São João ou para recuperar um número significativo de escolas. A questão é saber se um país ainda com perto de 120% do PIB em dívida pública pode dar-se ao luxo de não a tentar abater sempre que puder. Só em juros, estes 800 milhões custam, mais cêntimo menos cêntimo, 24 milhões/ano e, já agora, dois milhões a cada mês.
Paulo Tavares, DN
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