sábado, 30 de junho de 2018

A Fronteira Final Da Privacidade

Alguns cientistas dizem que já conseguem "ler a mente", enquanto outros vão além e alegam que estão próximos de compartilhar pensamentos.
[Imagem: New Scientist]
A privacidade final

Embora você esteja cercado pela tecnologia e provavelmente esteja ciente dos riscos que essa tecnologia representa para sua privacidade, também sabe que você possui seu próprio firewall intransponível, que nenhum hacker consegue penetrar: o seu cérebro.
A menos que escolha compartilhar os seus pensamentos, eles permanecerão sempre privados.
Mas por quanto mais tempo? 

Cada vez mais, uma combinação de escaneamento cerebral e inteligência artificial está a abrir a caixa preta do nosso cérebro, reunindo sinais neurais e a engenharia reversa para recriar pensamentos básicos. Por enquanto, essa tecnologia está limitada à visão - mostrando se você está a olhar para A ou para B a partir de sua atividade cerebral - mas, em princípio, não há razão para que o conteúdo total de nossas mentes não possa futuramente ser revelado.
Desta forma, esta linha das pesquisas científicas no campo das neurociências inevitavelmente levanta medos sobre a invasão final da privacidade: a leitura da mente, ou dos pensamentos. Não é difícil imaginar algum tipo de dispositivo que possa simplesmente ser apontado para a cabeça de alguém para extrair seus pensamentos.
longe da praticidade

Se não é difícil de imaginar essa tecnologia, por outro lado é extremamente difícil torná-la prática. Hoje, a parte da varredura do cérebro é feita por ressonância magnética funcional (fMRI). Isso requer um equipamento extremamente grande e caro e, fundamentalmente, o consentimento total do "cérebro" que está sendo escaneado.
Mas a fMRI ainda é um dispositivo bastante grosseiro para leitura mental.
Há outras técnicas de imageamento cerebral, mas nenhuma pode ser facilmente transformada em um dispositivo portátil discreto o suficiente para ser usado sem o consentimento da pessoa. O mais simples, o eletroencefalograma (EEG), tem que ser colocado como um boné ou capacete e é lastimavelmente impreciso. O lado inteligência artificial da equação pode virar o jogo: com treino suficiente, talvez esses programas possam aprender a extrair sinais úteis de um traço de EEG cheio de ruído.

Leitura da mente

Mesmo hoje, uma combinação de fMRI e inteligência artificial poderia ser desenvolvida para usos limitados, como acessar aos pensamentos de pacientes em um estado minimamente consciente. Isso já é possível hoje até certo ponto, e já é controverso.
Da mesma forma, pode ser possível desenvolver testes semelhantes a polígrafos para pessoas acusadas de crimes, para avaliar o que realmente sabem. Novamente, isso tem precedentes e é extremamente controverso. Uma década atrás, uma empresa com sede nos EUA, chamada Cephos, começou a vender varreduras de ressonância magnética funcional para os réus. Ao mesmo tempo, tribunais da Índia começaram a aceitar evidências de uma técnica de varredura cerebral extremamente controversa, chamada análise de assinatura de oscilação elétrica cerebral (BEOS).
A Cephos parou de vender as varreduras em 2010, depois que um tribunal decidiu que a tecnologia não era aceitável, mas outras empresas começaram a oferecer coisas semelhantes; e as varreduras cerebrais BEOS ainda estão sendo usadas no sistema jurídico indiano.

Assim, ainda que a leitura mental para vigilância em massa não esteja à vista num futuro próximo, mesmo as aplicações limitadas são preocupantes. Esta é uma caixa preta sobre a qual a sociedade deve pensar muito, ponderando se irá permitir que seus cientistas trabalhem em sua abertura.

Fonte: DS

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