«Um parlamento que age sob pressão e só faz o que as sondagens lhe mandam não é um Parlamento.»
Manuel Carvalho, Público
A Comissão da Transparência transformou-se no único lugar verdadeiramente animado da Assembleia da República. Depois de andarem mil dias sem aprovar um único diploma, os deputados da Comissão assumiram finalmente o papel de regenerar por via da lei os defeitos dos deputados, a falta de decoro do Governo ou a ausência de norte da oposição.
Ao fazê-lo a reboque do clamor público, os representantes da nação deram de si o bom sinal de que não vivem num mundo isolado; mas, ao legislar a eito para reparar à pressa os seus próprios erros a pensar nas eleições que se aproximam, os deputados colaram ao Parlamento a sua própria inconstância, o seu nervosismo ou a sua irresponsabilidade.
Por estes dias, a Assembleia está longe de ser a casa onde se discutem as grandes causas do país e políticas urgentes para o futuro. O Parlamento deixou de ser um guia com pensamento próprio para se transformar num espelho que reflecte apenas o que dele se diz e escreve no quotidiano. Transformou-se num organismo cuja principal causa é remediar as fragilidades dos seus titulares e da classe política em geral.
Excertos do Editorial do Público
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