Mas esta crise fez cair as quatro máscaras de António Costa e deste Governo:»
A saber:
- Fez cair a máscara do fim da austeridade. Recorde-se que o PS aprovou há cerca de um ano uma resolução no Parlamento para que a totalidade do tempo fosse contada. Recorde-se que o Governo várias vezes prometeu isso. Mas não cumpriu. E não cumpriu porque sabe que isso, de uma vez só, seria bastante negativo para o equilíbrio orçamental. Refira-se que este congelamento vem de 2010, em pelo governo Sócrates. Mas mesmo assim deixou que o assunto fosse sendo mantido no debate político. Fez passar o OE/2018 com base nessa promessa, que já sabia que não iria cumprir.
- Fez cair a máscara da consolidação orçamental. No OE/2018 havia margem orçamental para repor tudo. Agora que, nas palavras do Doutor Centeno, está tudo ainda melhor, já não há? Mesmo que os números do Governo fossem verdadeiros (e já vimos que não são), se a consolidação orçamental nestes últimos quatro anos tivesse sido estrutural, não seria esta medida que destruiria quatro anos de governo, na palavra de alguns governantes e deputados. Aliás, se uma única medida destrói quatro anos de Governo, isso não abona muito a favor desses quatro anos.
- Fez cair a máscara da governabilidade à esquerda. Recorde-se o primeiro-ministro que foi ele próprrio que trouxe os dois partidos de extrema-esquerda para o apoio ao Governo no Parlamento. Foi ele que trouxe dois partidos antidemocráticos e antieuropeus para essa responsabilidade. Foi ele que quebrou 40 anos de tradição Constitucional. Agora, os jornais já chamam o Bloco e o PCP de esquerda radical. Antes, eram dois partidos da esquerda. Foi aliás curioso ver o deputado Carlos César a dizer que o Governo tinha sido posto em causa por uma aliança dos partidos da direita e os ”partidos extremistas à esquerda”. Ó Diabo, então o PS andou quatro anos a governar apoiado por extremistas e só agora é que descobriram?
- Fez cair a máscara da resiliência do primeiro-ministro. E não me venham falar de que ele não se demitiu nos fogos de 2017, com Tancos ou com outros casos que ocorreram. Esses não afetavam o seu poder parlamentar. Aqui sim. E à primeira contrariedade, o primeiro-ministro ameaça a demissão. Tinha sido bonito se alguém do PS tivesse governado entre junho de 2011 e junho de 2014. Tínhamos pedido o 2º e 3º resgate mais depressa que a Grécia.
Joaquim Miranda Sarmento, ECO
Nota 1: Leia aqui a opinião de JMS, no artigo 'Uma Farsa de Crise Política'
Nota 2: «Mário Nogueira apela comunistas e bloquistas que se abstenham na altura da votação das propostas da direita, mesmo que sublinhem as suas críticas.»
Nota 2: «Mário Nogueira apela comunistas e bloquistas que se abstenham na altura da votação das propostas da direita, mesmo que sublinhem as suas críticas.»
Se PCP se abstiver (e alguém acredita que M. Nogueira esteja sozinho neste apelo?...), a(s) proposta(s) de PSD e CDS passam, qualquer que seja a posição do BE (PSD+CDS 107 deputados, PS+BE 105).
(Fonte: 'Entre as brumas da memória')
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