sexta-feira, 3 de maio de 2019

E O Saque Pode Ser Feito A Eito, Às Claras E Sem Limites

Para quando o financiamento público para a Liga dos Amigos dos Peixinhos de Aquário? Para a Associação dos Protectores das Pedras da Calçada? Para a Fundação Pela Dignidade Da Casca De Cebola?

E quando pensava que já tinha visto tudo… eis que nem os mortos escapam! Ora leia:

Parece que, segundo o que veio a lume, a socialista Câmara Municipal de Lisboa se prepara para assinar um protocolo que atribui à Associação dos Amigos dos Cemitérios de Lisboa (sim, leram bem!…) poderes para “dinamização de iniciativas nos cemitérios da capital (exposições, concertos, roteiros, entre outras), gerir o Centro Interpretativo do Cemitério dos Prazeres, homenagear personalidades sepultadas na cidade, desenvolver arquivos ou celebrar parcerias com diversas entidades, entre outras competências”. Parece também que esta ilustre associação tem sede no cemitério de Carnide. Mesmo. 


Foi só ler a lista dos titulares dos órgãos sociais da predita associação amiga dos defuntos, entre os quais se contam os ilustres Jorge Ferreira, fotógrafo de campanhas do PS; Pedro Almeida, funcionário do PS; Inês César, sobrinha de Carlos César; a sua mãe, Patrocínia Vale César e o seu pai, Horácio Vale César (irmão de Carlos César); João Soares, será esse mesmo (?!); Diogo Leão, deputado do PS; Filipa Brigola, assessora do grupo parlamentar do PS. Estes, ao contrário dos putativos homenageados, estão bem vivos, como se demonstra.
Isto já não é bem um lobby familiar-socialista, como alguém lhe chamou. Isto é um gag humorístico que poucos humoristas congeminariam (continuar a ler)
Mesmo enterrando dinheiro em cemitérios stricto sensu, a vida de António Costa é um passeio no parque (“a walk in the park”, como ele a descreveria certamente ao Washington Post ou ao Guardian).
Quem perde a vergonha desta forma, só o faz porque está convencido da sua impunidade absoluta. Da ausência total de escrutínio. Do fim dos checks and balances que as democracias mais evoluídas sempre têm e onde a imprensa desempenha papel primordial. Trata-se, no fundo, de Variações do António sobre o mesmo tema, o tema do costume.
Carlos César tem razão numa coisa: o sobressalto cívico é fortíssimo. Mas o assalto cívico não é mais pequeno. E o saque pode ser feito a eito, às claras e sem limites.
Se a César o que é de César, então tudo a César!

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